Querida mãezinha,
Hoje eu notei que você está diferente, mais agitada do que o comum. Escutei aqui em casa quando você falou com alguém pelo telefone que hoje seria um dia importante para mim porque você me deixaria pela primeira vez num lugar chamado creche.
Sabe, mamãe, eu não sei o que é creche, mas tenho certeza de que não deve ser nada ruim, porque você todos os dias diz ao meu ouvidinho que me ama muito e que fará de tudo para que eu seja muito feliz. Então, eu acho que creche deve ser algo bom e que eu vou ser feliz lá, não é?
Mas eu ainda não entendi o porquê de você estar me olhando com esse olhar de tristeza e culpa. O que você está fazendo? Não deve ser nada de errado porque acabamos de chegar neste lugar que eu ainda não conheço e vi um monte de criancinhas do mesmo tamanho que eu que estão felizes e correndo com uns brinquedos que eu nunca vi antes.
Mamãe, me tira do meu carrinho? Deixa eu ir ali conhecer estas crianças? Elas parecem que gostam daqui. Deve ser realmente legal essa tal de creche.
Viu, mamãe? Elas estão me abraçando! Estão me emprestando seus brinquedos. Eu posso, mamãezinha? Posso brincar com eles?
Ei, mãezinha! Por que seus olhos tem as mesmas águinhas que os meus quando eu choro? Já sei! Você deve estar com fome, né? Eu também não gosto quando fico muito tempo sem comer e boto essa aguinha pra fora do meu olhinho e grito junto pra que você me dê atenção. Mas, por que você não está gritando? Xiii, acho que não é fome o que você está sentindo, não é?
Eu não entendo porque você não para de me olhar e tirar umas fotinhas minhas. Eu conheço esse seu olhar: é o mesmo quando eu vou dormir e que você fica me admirando e sussurrando para mim que eu sou o seu melhor presente.
Huuum… mamãe, tá sentindo o cheirinho? É de comida! Está me dando uma fominha!! Tem uma titia me chamando para papar com os meus coleguinhas. Eu posso ir, mamãe? Aiii, que delícia! É gostosa a comidinha (mas eu ainda acho a sua melhor!).
Ihhh, mãezinha… estou com uma preguicinha depois de comer… os coleguinhas me mostraram que aqui eu posso tirar um cochilinho! Que legal!
Eu sabia! Eu tinha certeza que essa coisa de creche era legal! Você me ama tanto que quer me deixar em um lugar em que eu faço as mesmas coisas que na nossa casinha…
Zzzzz… tô ficando com soninho… muito soninho…. mamãe, porque você não aproveita para fazer as suas coisinhas… sempre me lembro de te ouvir dizer lá em casa que tem sempre um montão de coisas pra fazer! Pode ir, mamãe, vai tranquila. Eu estou bem aqui! Estou gostando! Sei que é diferente lá de casa, mas eu já sou um rapazinho (a vovó sempre fala isso toda vez que me vê) e eu acho que consigo ficar aqui bem comportado esperando você.
Sabe, quando você voltar, eu prometo que vou abrir um sorrisão bem gostoso quando eu te vir e vou correndo me jogar no seu colo porque independente do lugar que você me deixar por algum tempo, o melhor deles sempre serão os seus braços. Só neles eu tenho certeza de que nenhum perigo vai me pegar. Porque eu sei que você é muito forte e corajosa! Você luta por mim! Você me ama! E eu também amo muuuuuuito você, mamãezinha!
Mamãe, eu posso voltar amanhã pra essa tal de creche? A tia falou que amanhã a gente vai poder desenhar, pintar, ouvir histórias, brincar…
Me traz, mamãe?
Um beijinho bem cheiiiiiinho de amor no seu coração,
Seu filhotinho!
*dedico este texto ao meu Theo que me surpreendeu positivamente quando entrou na creche.
Nana.
Adaptação da mãe à creche, saiba aqui.