A autoestima é a percepção que temos de nós mesmos. É o como nos vemos, e o quanto nos percebemos capaz de realizar. Ela é um fator importantíssimo para termos sucesso em todas as áreas da nossa vida. Por vezes, ela nos encoraja a lidar com desafios, a dizer não para coisas e pessoas que nos fazem mal e, principalmente, a ser um autosuporte diante dos erros e frustações.
Nós, pais, certamente desejamos que nossos filhos desenvolvam uma autoestima elevada. E, na maioria das vezes, pensamos estar contribuindo com esse processo por “fazer elogios”. Será mesmo? Qual é o nosso papel como pais nessa construção?
De fato, essa construção do nosso autoconceito começa a se desenvolver na infância, a partir da relação com os nossos pais ou de pessoas que tenham essa função. Quanto mais a criança se sentir amada, respeitada, confirmada em seus sentimentos, mas ela aprenderá a nutrir bons sentimentos em relação a si mesma, afinal, nesse primeiro momento “o como” ela se sente em relação ao ambiente será uma espécie de ressonância do que aprenderá sobre si mesma.
Eu tenho acompanhado muitas famílias ao longo desses 9 anos de clínica e posso arriscar algumas reflexões sobre o nosso papel enquanto pais nesta construção:
– Estar atento ao que dizemos e como dizemos. A criança tem uma forma muito concreta de entender as coisas. Ela costuma aceitar como verdade absoluta o que é dito sobre ela. Isso ocorre porque as crianças têm um pensamento concreto e não conseguem entender algumas abstrações. Então, ao falar com as crianças precisamos ser objetivas e claras, entendendo que elas tomarão como verdade o que falamos sobre ela, inclusive as coisas que só falamos por estarmos cansada ou com raiva. Outro ponto é observar o que costumamos falar com certa frequência sobre a criança. Sabe aquela característica que estamos o tempo todo repetindo? (Ela é muito chata, ela é chorona, ela é boazinha e por aí vai…) Sim, isso reforça na criança a ideia de que ela precisa corresponder a isso, diminuindo as possibilidades dela experimentar ser outras coisas.
– Tempo de qualidade. As crianças precisam de tempo com os pais e não é só aquela uma hora diária que “andam dizendo por aí ser suficiente, desde que você esteja inteiro”. Crianças precisam se sentirem cuidadas, se sentirem prioridade na vida dos pais, de presença de verdade, dentro das possibilidades e circunstâncias de cada família.
– Encorajar. Ao invés de elogiar tudo o que a criança faz da forma que você gostaria, experimente mostrar a ela a sua capacidade. Ao invés de um “parabéns”, diga a ela “você conseguiu”. Não estou dizendo que não pode elogiar, mas quando nos limitamos a fazer isso, só estamos ensinando nossos filhos a ficarem condicionados a receber os parabéns do outro para se sentir confirmado. Já mostrando pra ele o que ele tem conseguido, fazendo ele perceber o processo que ele realizou para determinados resultados, encorajando-o, apoiando-o, você está ajudando a desenvolver confiança em suas capacidades.
– Escolhas. Permita que ele faça escolhas. Claro que você irá fazendo isso conforme as possibilidades de cada idade. A minha filha de 3 anos, por exemplo, ainda não tem a capacidade de discernir qual roupa é mais adequada vestir em cada ocasião, então para exercitar a escolha, eu sempre mostro algumas opões e permito que ela faça a escolha. Isso gera uma confirmação da personalidade que já está sendo construída.
– Apoio. Apoiar a criança quando algo não sai bem, é muito importante. Acolher seus sentimentos quando ele ou ela não consegue fazer algo que gostaria ou quando não tira aquela nota que desejava. Conversar, pensar juntos no que poderia ter sido feito diferente para obter o resultado desejado. Tudo isso feito de forma acolhedora pode ensinar seu filho que os erros fazem parte do nosso desenvolvimento. É claro que, como tudo que desejamos ensinar para nossos filhos, precisamos acreditar e agir com coerência. Não adianta dizer para ele que os erros fazem parte da vida, que tudo bem tirar uma nota baixa, se quando você vivencia uma frustação, não costuma reagir bem. Talvez, no processo de ajudar o seu filho, você descubra muitas coisas a seu próprio respeito. Mas isso é conversa para outro artigo.
– Você. Sim, sua própria autoestima é fundamental nesse processo. Você precisa ter um autoconceito equilibrado para ser capaz de ajudar seu filho nessa construção. Cuidar da saúde física, espiritual e emocional é fundamental.
Um autoconceito construído com bases fortes, pode até oscilar conforme as circunstâncias, mas sempre estará ali, acessível a nós.
Até a próxima!
Tatiana Queiroz é psicóloga de famílias e casais.
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