Uma pergunta frequente no consultório é: “Bebês e crianças podem ser vegetarianas?” E nossa resposta é: SIM, desde que sejam adequadamente acompanhados por uma nutricionista ou profissional capacitado.
Muitos estudos tem demonstrado que a alimentação vegetariana quando bem planejada é adequada em todas as fases da vida. Quando bem direcionada pode, inclusive, prevenir e tratar doenças, como câncer, diabetes mellitus, obesidade, pressão alta, dentre outras.
O vegetarianismo pode ser classificado da seguinte forma:
– Ovolactovegetarianismo: indivíduos que não consomem carne, mas ingerem ovos, leite e seus derivados;
– Ovovegetarianismo: indivíduos que consomem ovos, mas nenhum outro alimento de origem animal;
– Lactovegetarianismo: indivíduos que consomem leite e seus derivados, mas nenhum outro alimento de origem animal;
– Vegetarianismo estrito: indivíduos que não consomem nenhum alimento de origem animal.
Cada uma dessas classificações merece cuidados específicos, mas existem algumas atitudes que podem ser tomadas e que minimizam possíveis deficiências nutricionais em todos os casos.
Muitas famílias que já seguem essa filosofia de vida e querem passar para seus filhos esse caminho, se sentem inseguras por falta de informação. Então estamos aqui para esclarecer que é possível e dar algumas dicas de cuidados gerais:
- Ainda na gestação é importante que a mulher vegetariana seja acompanhada, sua alimentação cuidada e seja realizada a suplementação individualizada, porque já sabe-se que a gravidez faz parte dos 1000 dias de vida do bebê, período de ouro para o desenvolvimento e crescimento da criança, sendo assim, qualquer falha nesse momento pode determinar consequências para o resto da vida da criança;
- Realizar, sempre que possível, a amamentação exclusiva até os 6 meses de vida do bebê. O leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais do bebê
até essa idade, sendo importante complementar após esse período somente. Nesse
momento é importante seguir com o acompanhamento nutricional da nutriz;
- Se a família tem o hábito de consumir alimentos integrais, alterne nesse início da introdução alimentar os brancos e os integrais para o bebê. O excesso de fibras naalimentação pode prejudicar a absorção de alguns nutrientes;
- Inclua leguminosas (feijões, ervilha, lentilha, grão de bico) 2x ao dia, no almoço e no jantar (quando a criança já realizar essa refeição), pois são alimentos que irãofornecer proteínas de origem vegetal para o bebê, além de ferro;
- Deixe as leguminosas imersas em água por pelo menos 12h antes do preparo,trocando de 2 a 3 vezes essa água e cozinhando com uma nova;
- Ofereça verduras verde escuras no almoço e jantar para fornecer mais aporte deferro para a criança;
- Ofereça uma fruta rica em vitamina C (acerola, caju, goiaba, laranja, carambola,maracujá, morango) após o almoço e o jantar para ajudar na absorção do ferro dasrefeições;
- Não dê leite de vaca e derivados, chás, mate e guaraná natural após o almoço ejantar. Além de sobremesas e doces com leite em sua composição. Lembrando que todos esses alimentos são CONTRAINDICADOS na Introdução Alimentar, independente da família ser vegetariana ou não!
Em geral, os bebês e crianças vegetarianos precisam de atenção nos mesmos aspectos da alimentação que aqueles não vegetarianos. No entanto, é preciso analisar individualmente a rotina alimentar da família e da criança e a necessidade de suplementação da mãe ou do próprio bebê.
Conforme a criança vai crescendo, ela vai precisando de um aporte maior de alguns nutrientes, então o ideal é que o profissional a acompanhe e vá analisando a necessidade de mudanças na alimentação e suplementação. Mas, SIM, é possível realizar uma introdução alimentar vegetariana.
Continue nos acompanhando nas redes sociais @nutriped e facebook/nutriped!
Anna Carolina Ghedini e Priscila La Marca