Desfralde: nós conseguimos!

Se havia duas coisas na maternidade que me faziam tremer na base, eram a introdução alimentar  e o desfralde.

Eu sabia que fazia parte do processo de crescimento do bebê/ da criança e que todos nós já passamos por isso, mas eu confesso que tinha a sensação de receio por esse universo desconhecido.

Bom, a introdução alimentar do Theo foi ótima pois dei bastante sorte dele aceitar a alimentação com facilidade. Agora só me faltava o desfralde! E sempre que eu comprava as fraldas já de tamanhos maiores (XG e cia!) e via o quanto eu estava gastando com cremes e lenços, desejava que ele já usasse a cuequinha. Porém, batia o receio e as nóias de uma mãe de primeira viagem: “como será ir à rua com ele? E se não houver um banheiro? E se ele quiser fazer cocô fora de casa?” Pronto! Batia um frio na espinha e eu pensava o quão prática a fralda descartável fazia a minha vida de mãe nos quesitos xixi e cocô.

Acontece que comecei a ler sobre o assunto, consultar alguns materiais especializados e a ouvir outras mamães que já haviam passado por essa experiência e resolvi me preparar para esse novo momento. Sim!

É de suma importância que os pais se preparem junto com os filhos para essa mudança. Você tem que estar disposto e preparado para o desfralde.

Para isso, comecei a seguir as orientações mais comuns de tudo o que pesquisei e fui me convencendo que o momento estava chegando.

Notei que meu filho já demonstrava o incômodo em estar com a fralda suja, que ele já gostava de ficar pelado e observava os nosso hábitos de higiene na hora do número 1 e 2.

Somado a isso, eu teria uma oportunidade única de começar o processo – a chegada do recesso da creche e que coincidiria com 3 fatos: 1: minhas férias, 2: o verão e 3: a idade dele (2 anos e 7 meses). Achei que essa combinação era um sinal de que o momento ideal era aquele.

Um tempo antes, comprei um penico musical (aqui chamamos de troninho) e contei como funcionava, brincamos com ele, mas nada sério. A escolha por ele e não pelo redutor de assento era o nosso interesse em oferecer autonomia e independência ao nosso filho.

Assim, ele já sabia da existência do troninho mas nunca forçamos nada. Um tempo depois comprei um livro que conta a história de dois irmãos que não usavam mais fralda e faziam as necessidades no penico. Com frequência, líamos essa história e eu tentava associar o que líamos com o penico que ele tinha em casa.

                   

        Por que optamos por penico e não por redutor de assento?

 

Por 2 motivos: o primeiro é que ao ir ao penico, ele poderia ir sozinho e de maneira mais independente como já o faz agora, sem precisar me avisar, além dele se sentir seguro e estável pois os seus pés estão no chão. O segundo é porque o redutor por ainda ser uma novidade, fez com que ele se sentisse vulnerável no vaso pois precisa se sentir “equilibrado” naquele espaço. Além disso, seus pezinhos ainda “flutuavam no ar”, pois eu não havia comprado uma banqueta em que ele pudesse apoiar os pés. Em resumo, por aqui a estabilidade e autonomia tiveram mais peso e levaram a melhor. O que não significa que esta seja sempre a melhor opção para todas as crianças.

  O início do desfralde

            No dia que resolvemos começar, definimos em casa algumas coisas que tínhamos lido, por exemplo: tirar todos os tapetes da casa (ou enrolar) pra evitar “acidentes” neles, tratar cada acerto dele com a maior festa possível e NUNCA brigar caso ele errasse. Além disso, a gente ainda evitaria ficar saindo muito de casa com ele nesse início para que houvesse tempo de chegarmos ao banheiro rapidamente e que usaríamos a fralda sempre que as saídas fossem inevitáveis.

Começamos! A compra das cuecas e a escolha de qual ele iria usar era quase um evento. Compramos MUITAS cuequinhas porque neste início a troca delas é intensa e nem sempre dá tempo de lavar e secar rapidamente.

A primeira semana foi de MUITA MUITA MUITA conversa, observação e paciência. Prestávamos atenção nas feições que ele fazia quando queria fazer suas necessidades. Ele tinha uma expressão pro xixi e outra pro cocô. Notamos que ele ficava incomodado quando fazia um dos dois na cueca ou pelado. E de tempos em tempos sugeríamos que ele fosse ao penico e tentasse fazer algo.
Uma dica que me deram muito boa é a de observar de quanto em quanto tempo ele fazia o xixi em maior quantidade e calcular esse tempo para levá-lo ao troninho novamente. Por exemplo, se a cada 1h e 30min ele fazia xixi, quando o horário se aproximava, a gente levava ele até o troninho e pedia pra ele tentar fazer.

Quando ele conseguia e fazia, pronto!! Era uma festa!! Batíamos palmas! Comemorávamos! Cantávamos parabéns! Ele sentia que tinha feito algo muito especial e que estávamos felizes (a verdade é que eu estava MUITO feliz mesmo). Quando ele se esquecia e fazia no chão, dizíamos: “Tudo bem, filho, na próxima você vai acertar! Foi sem querer! Você é esperto e vai se lembrar de ir ao troninho na próxima vez.”

Ah, também li que o ideal é deixar o penico sempre no banheiro para que a criança associe o lugar de fazer as suas necessidades. Mas confesso que eu andava com ele para onde íamos pela casa para que pudesse ter tempo de usá-lo.

A primeira semana foi T-E-N-S-A! Deu vontade de desistir e deixá-lo usando fraldas até os 10 anos! Hehehe! Sério, não foi fácil e parecia que por nada ele iria aprender a controlar os seus instintos. Mas de repente, eu tive a ideia de fazer a recompensa para cada acerto e sempre que ele se saia bem, além da festa, oferecíamos algo que ele gostava mas não tinha sempre: no nosso caso era um baleiro pra confetes de chocolate. Como ele nunca come isso, ficou alucinado pra tentar acertar porque sabia que ganharia 3 confetes ao final.

Caramba! Por aqui deu super certo o método da recompensa e ajudou a fluir mais naturalmente o processo. A segunda semana foi bem melhor que a primeira e eu já brincava em quanto estava o placar entre os acertos e os erros dele naquele dia (5 penico X 3 chão, por exemplo).

Já na terceira semana ele voltou pra creche e a mesma foi me auxiliando no processo, mesmo ele sendo o único na turma a começar o desfralde. Por vezes tínhamos umas cuecas sujinhas no mochila, mas não desistimos.

As idas até a rua no início eram cronometradas e sempre perguntávamos se ele queria ir ao banheiro (além do que, mentalmente eu já tinha planos A, B e C pra pensar aonde teria uma opção de banheiro próximo).

Desfralde noturno

             Li muitos relatos de mães que tendem a deixar as crianças com fraldas à noite até que o desfralde diurno esteja 100%. Com isso, acabam protelando para desfraldarem à noite pois é mais cansativo, visto que temos que acordar a criança no meio da madrugada para lembrá-la de ir ao banheiro.

No meu caso, investi no desfralde noturno quase simultaneamente com o diurno por uma razão muito simples: Theo desde bebê não fazia xixi enquanto dormia, sempre ao acordar. Notávamos que sua fraldinha sempre amanhecia sequinha de manhã. Com isso, sempre que ele acordava, levávamos logo ao troninho para que pudesse fazer o seu xixi e se habituasse ao ritual de urinar logo de manhã no penico. Por aqui, o desfralde noturno não foi um grande problema.

 

Em um próximo texto, conto pra vocês as dicas incríveis que recebi de muitas mamães para conseguir ter os planos reservas na hora de ir à rua com uma criança em processo de desfralde.

Espero que meu relato auxilie vocês, papais e mamães, nesta nova fase de seus filhos.

Beijos carinhosos,

Nana.