Ela quase perdeu o bebê porque não sabia que tinha uma doença hereditária

Você está grávida? Seu obstetra já solicitou o exame para averiguar seu risco para trombofilia? Não?!

Então, leia a entrevista e entenda todos os perigos desta doença na gestação.

Marianna Lavega é mãe de um menino de 5 anos e teve uma gestação aparentemente tranquila, mas não imaginava o risco que a sua vida e a de seu filho sofreram por conta de uma doença que ela desconhecia.

Depois de muitos exames após após o parto, Marianna descobriu que tinha trombose e, por isso, teve altos riscos de perder seu filho na gestação.

Mas, afinal, o que são trombose e trombofilia?  Trombose é a formação ou o desenvolvimento de coágulos sanguíneos enquanto a trombofilia é a propensão a desenvolver trombose ou outras alterações em qualquer momento da vida, inclusive, durante a gravidez, parto e pós-parto, devido a uma anomalia no sistema de coagulação do corpo.

Ou seja, trombofilia é uma tendência ao chamado “sangue grosso”, que, na prática, contribui para o entupimento de veias. Não se trata de uma doença, mas de uma condição que pode ter diferentes causas.

Por conta de uma falta investigação do histórico da paciente (e/ ou familiar), deixaram de solicitar um exame simples e que poderia ser realizado junto com os de rotina que a gestante realiza, e, por isso, atualmente Marianna trava duras batalhas para tentar reestabelecer a sua saúde.

 

Mãe Só Tem Uma: Marianna, você já tinha conhecimento do que era a trombose antes da sua gestação? Sabia que existia tanto a trombofilia genética como a adquirida?

Marianna: Eu já tinha ouvido falar sobre trombose, mas sabia pouco a respeito e achava que era o tipo de coisa que só acontecia com pessoas mais velhas. Não imaginava o risco durante a gestação nem sabia sobre a trombofilia hereditária.

 

MSTU: Como foi a sua descoberta da trombose no pós-parto?

Marianna: Quando recebi alta após o parto, meus pés estavam extremamente inchados. Como não haviam inchado durante a gestação, achei estranho e perguntei ao meu médico, que me informou que era normal. Mas a cada dia eles inchavam mais e foi surgindo uma vermelhidão na panturrilha, que ficava quente ao toque. Eu sentia dor e tinha dificuldade para andar. No nono dia após o parto, falei novamente com meu médico e ele me pediu para ir à emergência. Lá descobri que estava com diversos trombos espalhados nas duas pernas.

 

MSTU: Qual exame deveria ter realizado para saber se era trombofílica e não foi sugerido a você?

Marianna: Há diversos tipos de trombofilias e é necessário fazer uma pesquisa genética de trombofilias para saber se você é portador dessa condição.

 

MSTU: Você mencionou um episódio de perda gestacional antes do nascimento do seu filho, ao longo de nossas conversas. Existe relação entre esse aborto espontâneo e a sua condição?

Marianna: Sim. A trombofilia faz com que seja mais difícil uma mulher engravidar e, quando ela engravida, a implantação do feto é mais difícil, levando a abortos, muitas vezes de repetição. Também é alto o risco de perdas gestacionais tardias.

 

MSTU: Quais os maiores riscos para uma gestante que descobre ser trombofilica?

Marianna: São vários, e todos graves. Se ela passa a gestação sem a medicação adequada, pode ter uma trombose durante a gravidez, que pode virar embolia pulmonar caso algum coágulo se solte e vá para o pulmão. Ela pode ter trombose placentária e perder o bebê. A fase de maior risco é na reta final da gestação, o que causa muitas perdas gestacionais tardias, com 38/39 semanas. E o risco sobe por até 3 meses após o parto, aumentando as chances de uma trombose pós-parto e embolia pulmonar. No meu caso, por motivos ainda não muito bem compreendidos, meu filho teve trombose intestinal aos 7 meses de vida e precisou de cirurgia de emergência.

 

MSTU: Quais consequências você sofre em seu corpo atualmente por conta da ausência de tratamento adequado no período da gestação?

Marianna: Meu corpo entregou a minha saúde para conseguir manter a vida do meu bebê. Foi um lindo milagre, mas isso forçou meu organismo além dos limites, deixando-o mais frágil. Como consequência, além de ter tido uma trombose que me deixou internada longe do meu bebê de 9 dias, que me impediu de amamentar e que causa dores fortes ainda hoje, acabei desenvolvendo uma doença autoimune, o lúpus, por causa do estresse que meu corpo passou. A minha medula ainda não retomou seu desempenho normal, pois tenta compensar o estresse  passado e estabilizar o meu organismo.  Passei por inúmeros médicos, exames e tratamentos. Hoje, quase 6 anos depois, ainda estou tentando recuperar minha saúde.

 

MSTU: Você acredita que o uso de anticoncepcionais e hormônios em mulheres pode aumentar a possibilidade de uma trombofilia adquirida?

Marianna: Sem dúvida. Hormônios, em especial o estrogênio, podem causar alterações na coagulação sanguínea e aumentar em até 4 vezes o risco da trombose adquirida. Para quem tem trombofilia hereditária, esse risco pode até triplicar com o uso dos hormônios.

 

MSTU: Você possui um grupo na internet de Apoio a Mulheres Trombofílicas (colocar o link). Por quais causas vocês lutam? Qual o objetivo deste grupo?

Marianna: O Grupo de Apoio às Mulheres Trombofílicas (https://www.facebook.com/mulherestrombofilicas) tem o objetivo de levar informação e suporte emocional às mulheres portadoras da condição. Quando aconteceu comigo, havia pouquíssima informação disponível e eu tive que estudar o assunto através de artigos acadêmicos. O intuito é que mulheres trombofílicas não se sintam desamparadas, especialmente na gestação, que á  fase de maior risco. Além disso, queremos trazer mais atenção para a importância de se falar sobre a trombofilia e temos a meta de que passe a ser obrigatório o obstetra pedir exames de pesquisa de trombofilia para toda mulher grávida ou que esteja tentando engravidar.

 

Marianna escreveu um manual para mulheres trombofílicas. A intenção é que ele seja um e-book vendido a um preço simbólico, cuja renda vai ser revertida para um projeto de doação de medicamentos para portadoras de trombofilia. Em caso de interesse, entre em contato pelo link https://www.facebook.com/mulherestrombofilicas.

Segundo a publicação do site guiadobebe.com, o Dr. Antonio Braga, obstetra da Maternidade da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro explica que “Não podemos nos esquecer que entre as modificações do organismo da futura mamãe, há uma grande tendência de hipercoagulabilidade natural. Isso é fundamental para garantir que após o parto, a contração uterina ajude a encerrar a hemorragia que acontece após a saída da placenta. De outra forma, as mulheres morreriam após dar à luz”.

A trombofilia é um problema grave de saúde e deve ser tratada rapidamente. Caso contrário, é possível que gere sérios problemas para a mãe e até causar a morte do bebê. Afinal, o risco é que os coágulos obstruam os vasos sanguíneos, causando o entupimento das veias dos pulmões, coração e cérebro materno, como também obstruindo a circulação na placenta.

“É importante que o ginecologista que acompanha a gestante conheça o histórico da paciente e faça um acompanhamento mais detalhado, caso tenha história pessoal ou familiar de trombose; três ou mais abortos naturais de 1º trimestre, dois abortos de 2º trimestre ou um caso de natimorto; casos de pré-eclampsia grave, principalmente em grávidas com menos de 32 semanas de gestação; história de descolamento prematuro de placenta e parente de primeiro grau com mutações no sangue.

Para detectar se há algum tipo de trombofilia, o médico deve pedir uma complexa investigação laboratorial.

Segundo o Dr. Antonio Braga, existem tratamentos eficazes caso haja o desenvolvimento de trombofilias. O ideal é que o médico que acompanha a mamãe fique atento a qualquer sinal e assim que detectado o problema, encaminhe-a para um hematologista ou reumatologista.”

 

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Fonte: http://www.guiadobebe.com.br/o-que-e-trombofilia/