Expectativas, cobranças e frustrações na maternidade

Qual é a mãe que nunca se pegou criando expectativas em relação ao filho(a)? Já na gestação esperamos que o nosso filho(a) cresça e se desenvolva dentro da “normalidade”. Quando nasce, esperamos que ele mame, coma, desfralde, ande, fale, como todas as outras crianças fizeram. Criamos mil expectativas com relação a esse pequeno ser que estamos gerando dentro de nós: será que se parecerá com a mãe ou com o pai? Vai ter minhas habilidades? Meus defeitos?

Nos esquecemos que mesmo com todas as nossas vontades e desejos (e são as melhores, disso eu não duvido) cada ser é único e que mesmo existindo o padrão que ele deveria se encaixar, existem crianças que crescem menos, engordam mais, falam menos e com muito mais idade, andam com uma idade mais avançada do que a maioria. Levamos as tabelas pediátricas ao pé da letra e quando nosso filho(a) está um pouco diferente do que mostra o gráfico, ficamos ansiosos, nervosos e começamos a nos cobrar como pais, a cobrar nossos pequenos pelo seu desenvolvimento.

A mãe que nunca criou expectativa que atire a primeira pedra! Gosto sempre de me usar como exemplo para mostrar a vocês que erramos sim, não somos perfeitas. Mas os erros podem ser usados por nós para aprendermos com eles e tentarmos melhorar sempre. A minha primeira grande expectativa com o meu filho foi em relação a introdução alimentar (já publiquei um texto sobre a minha experiência com a introdução alimentar do Antonio) e foi um fiasco! Justamente porque ele não estava pronto para receber os alimentos (mesmo após os 6 meses de vida) e quando eu parei de me cobrar e consequentemente de cobrá-lo, ele passou a comer. Ele levou 2 meses para aceitar os alimentos, hoje com quase 10 meses, come absolutamente tudo que eu coloco para ele.

Lembro de um episódio em uma consulta de rotina com o pediatra, do meu marido perguntar ao médico se meu filho estava dentro da curva de crescimento esperado. Ele olhou bem para o meu marido e disse: essa curva existe para termos uma noção do quanto ele deveria estar medindo com tal idade de vida, mas e se você fosse baixinho? E se sua esposa fosse mignon? Esses detalhes genéticos não entrariam na jogada? Bebês da China medem o mesmo que bebês holandeses? Como lidar com esse padrão que criamos para ter um parâmetro?

A questão que quero trazer para a reflexão hoje é: será que precisamos cobrar de nós e principalmente de nossos filhos o desenvolvimento que existe nas tabelas padrões? Será que não devemos aguardar o curso normal de cada criança e esperar que ela ande ou fale sem pressão dos pais e dos familiares? A cada exemplo que fico sabendo de amigos, parentes e vizinhos, tenho mais convicção que cada criança é única e não vai ser pela ansiedade que os pais estão tendo que ela irá mudar o curso do seu desenvolvimento e história para satisfazer nossos desejos.

Devemos sim, estar de olho se ele/ela possa ter algum atraso ou retardo, para procurarmos um médico especialista em determinada área para tratarmos assim que desconfiarmos de algo diferente. Mas a maioria dos pais que vejo nos círculos sociais estão despejando ansiedade e expectativas em seus filhos, gerando assim mais pressão em cima destes.

Não precisamos comparar nosso filho(a) ao amigo da escola, nem ao irmão, muito menos ao primo. Precisamos estar atentos aos sinais, se eles estão bem e se não qual o motivo para agirmos assim que detectarmos algo diferente, mas as expectativas em exagero só nos frustram e pressiona quem mais amamos, nossos pequenos! Pense nisso.

Lilica.