Atualmente, os estudos sugerem que a nutrição no período da gestação (270 dias) e nos primeiros dois anos de vida (730 dias) podem determinar efeitos, a curto e em longo prazo, na saúde e no bem-estar das pessoas. Aproximadamente 80% dos nossos genes são influenciados por fatores ambientais como: medicamentos, estresse, infecções, exercícios e a nutrição.
Este período constitui uma janela de oportunidade para a construção de uma sociedade mais saudável, já que a alimentação balanceada nos primeiros mil dias de vida pode impactar profundamente no desenvolvimento neurocognitivo, crescimento otimizado e redução dos riscos de desenvolvimento de diversas doenças ao longo da vida. O crescimento mais significativo do cérebro acontece nessa fase.
As orientações de maior impacto na redução da mortalidade e do risco de doenças futuras consistem em alimentação equilibrada da mulher no período gestacional, aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de idade e a partir daí uma alimentação complementar equilibrada. Nos primeiros mil dias podem ocorrer danos irreversíveis à saúde futura de uma criança, por isso as intervenções realizadas nesse período são de extrema importância.
Ainda na gestação, antes de nascer, a criança é sensível às modificações do gosto do líquido amniótico, conforme os alimentos consumidos pela mãe, já que as papilas gustativas estão presentes a partir da décima semana de gravidez. No aleitamento, é possível que a cor do leite materno e seu sabor se modifiquem também de acordo com a ingestão alimentar da mãe.
Quanto a Introdução Alimentar, ela deve ocorrer no tempo oportuno, em torno do sexto mês do bebê. Quando ela acontece precocemente o aleitamento materno exclusivo é descontinuado e pode haver ganho excessivo de peso ou desnutrição, dependendo do que passa a ser ofertado à criança. Além disso, pode haver desenvolvimento de alergias alimentares e déficit de vários nutrientes. Retardar a oferta também não é legal, especialmente quando isso é feito para evitar alergias alimentares que nesse caso podem se tornar até mais prevalentes.
Como então a nutricionista materno infantil pode ajudar as pessoas nesse período de ouro?
- Pré concepção – ajudando o casal a engravidar cuidando da saúde antes da concepção;
- Gestação – acompanhando a gestação para que ela ocorra de forma saudável, com um ganho de peso adequado e ingestão suficiente de nutrientes determinantes. Modificando os hábitos alimentares para que o bebê já vá conhecendo os sabores dos alimentos e seu crescimento e desenvolvimento intrautero seja otimizado. Indicando alimentos contraindicados para o momento;
- Amamentação – É um momento de grande demanda energética, logo, é importante recuperar o peso pré gestacional de forma saudável, sem radicalismos. Indicando, assim como na gestação, alimentos contraindicados e aqueles que não devem faltar na rotina. Muitas mulheres excluem uma variedade enorme de alimentos desnecessariamente e a nutricionista esclarece todos os mitos e crenças dessa fase;
- Introdução Alimentar – Momento crítico que, se iniciado de forma inadequada, pode gerar seletividade ou dificuldade alimentar, além de aumentar as chances para o desenvolvimento de doenças. Vários pontos são abordados como no acompanhamento: sinais de prontidão, tipos de abordagens e métodos, tipos de cortes, grupos alimentares, higienização, preparo, conservação, utensílios e alimentos contraindicados;
- Alimentação no 1º ano de vida – Continua inserida no período de ouro. Nesse momento novos grupos alimentares são introduzidos e destaca-se a importância da leitura de rótulo e das preparações caseiras. Indicação dos alimentos que continuam contraindicados e dicas para passar pela mini adolescência de forma tranquila;
- Alimentação no 2º ano de vida – Reta final do período de ouro, mas tão importante quanto as outras etapas. Nesse momento, alimentos antes contraindicados, já não são mais. Porém, sua ingestão deve ser limitada e se a criança não teve uma boa relação com a comida até agora, dificilmente ela conduzirá a sua rotina de forma saudável.
O acompanhamento nutricional precoce previne o aparecimento de diversas doenças e aumenta as chances de cura também. Dentre as doenças mais comuns nos dias atuais: obesidade, seletividade alimentar, hiperlipidemia, diabetes e hipertensão.
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Anna Carolina Ghedini e Priscila La Marca