Quando falamos de criação positiva, neuro compatível entres outros, geralmente falamos sobre não agredir os nossos filhos e ter uma criação baseada no diálogo.
Mas esquecemos de retirar desse cardápio, uma agressão que mata um determinado tipo de criança todos os dias. Tanto a morte física quanto a morte psicológica. Que é o racismo. E esse tema embora seja muito discutido na esfera da adolescência e vida adulta, ainda é pouco disseminado quando falamos da infância.
O racismo é uma das piores agressões que uma pessoa pode sofrer. E os danos que ele pode causar no desenvolvimento de uma criança é o mesmo que uma violência física.
Lembro da primeira vez que fui com o cabelo cheio pra escola, minha mãe fez dois pompons para que eu tirasse a foto da turma. Todos os colegas riram de mim. E eu nunca mais quis usar aquele cabelo. Havia morrido ali a minha criança.
Aqueles risos foram fundamentais para meus problemas de autoestima na adolescência que perduram até hoje. Para aquelas crianças, o meu cabelo não era comum. Elas aprenderam aquilo: aprenderam na televisão, nas revistas, nos brinquedos e também com os pais.
Não adianta criar o filho na base do amor sem ensinar o respeito as diferenças.
Não adianta não ser racista sem ser antirracista. E como ser antirracista? Começando pelo básico. Mostrando o que a tv não mostra. Estudando sobre as diversas formas de racismo. Contando histórias que contemplem a diversidade de pessoas no mundo. Comprando brinquedos que ajudem a criança a identificar as diferenças de cada indivíduo. Convivendo com pessoas negras.
Nenhuma criança nasce racista, mas do contrário também não. É seu dever parental ensinar.
Suellen Araújo – @suharaujo_ahmae
Mãe preta de dois, integrante do coletivo Mães Pretas Presentes e estudante de Marketing.