Rótulos dos alimentos – Você sabe o que está comendo?

Os rótulos deveriam ser elementos essenciais de comunicação entre os produtos e os consumidores, e por isso deveriam ser claros a fim de orientar a escolha mais adequada do alimento. Hoje, com a divulgação da importância da leitura dos rótulos, muitas pessoas já têm essa atitude, mas a maioria não entende o seu conteúdo.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA é o órgão responsável pela regulação da rotulagem de alimentos que estabelece as informações que um rótulo deve conter, visando à garantia de qualidade do produto e à saúde do consumidor.

Algumas informações são obrigatórias nos rótulos:

  1. Lista de ingredientes: informa os ingredientes que compõem o produto. A lista de ingredientes deve estar em ordem decrescente, ou seja, o primeiro ingrediente deve ser o em maior quantidade. A partir da lista o consumidor consegue detectar algumas substâncias presentes no produto;
  2. Origem: informação que permite que o consumidor saiba quem é o fabricante do produto e onde ele foi fabricado. São informações importantes para o consumidor saber qual a procedência do produto e entrar em contato com o fabricante se for necessário;
  3. Prazo de validade: possibilita, em parte, o controle de qualidade do produto;
  4. Conteúdo líquido: indica a quantidade total de produto contido na embalagem;
  5. Lote: é um número que faz parte do controle na produção. Caso haja algum problema, o produto pode ser recolhido ou analisado pelo lote ao qual pertence;
  6. Informação nutricional: é a tabela nutricional.

Outras informações NÃO deveriam estar nos rótulos, por confundirem a cabeça do consumidor, como:

  1. Apresentar palavras ou qualquer representação gráfica que possa tornar a informação falsa, ou que possa induzir o consumidor ao erro. Exemplo: Iogurtes (cheios de aditivos químicos) que demonstram que determinada quantidade equivale a um “bifinho”;
  2. Demonstrar propriedades que não possuam ou não possam ser comprovadas. Exemplo: Determinados produtos demonstrando que seu consumo reduz o risco de doença cardíaca;
  3. Destacar a presença ou ausência de componentes que sejam próprios de alimentos de igual natureza. Exemplo: Óleo sem colesterol. Todo óleo é isento de colesterol por ser de origem vegetal.

Todos estão vulneráveis às mensagens confusas dos rótulos, e por isso, o ideal é dar preferência aos alimentos in natura e deixar para momentos inevitáveis os produtos processados e ultraprocessados. As frutas e os vegetais não apresentam rótulo, porque são originados da natureza, logo não podem nos enganar com informações falsas.

Já os biscoitos, doces e bebidas açúcaradas, por exemplo, passam por processos industriais e sofrem adição de inúmeras substâncias nocivas ao organismo. Esses produtos possuem rótulos que, embora sejam confusos, trazem informações mínimas que podem servir para melhores escolhas.

No mercado, ao realizar a compra de alimentos, é importante separar alguns minutos para a leitura da lista de ingredientes, pelo menos. O açúcar, a gordura e o sal, preferencialmente, não devem estar na lista. No entanto, no caso de detecção de algum deles, devem estar no final, como um dos últimos ingredientes, porque isso significará que estão em menor quantidade.           Quanto menos ingredientes a lista tiver, melhor. Ficar longe de produtos com cinco ou mais ingredientes é fundamental, a não ser que perceba que todos eles sejam alimentos naturais (o que é difícil).

Se o açúcar, a gordura e o sal viessem apenas com esses nomes no rótulo, seria fácil, mas para que evidenciar a grande quantidade desses ingredientes, não é mesmo? Isso, provavelmente, reduziria as vendas e o lucro das indústrias. Existem várias palavras com o mesmo significado, sendo válido saber:

  • Açúcar: xarope de milho, xarope de frutose, xarope de agave, xarope de guaraná, sacarose, lactose, maltodextrina, polidextrose, galapolidextrose, maltose, galactose, dextrose, extrato de malte, açúcar invertido e amido;
  • Gordura: gordura vegetal, gordura vegetal de girassol, gordura vegetal de soja, gordura de soja parcialmente hidrogenada, gordura hidrogenada, gordura hidrogenada de soja, gordura parcialmente hidrogenada, gordura interesterificada, gordura vegetal hidrogenada, gordura vegetal parcialmente hidrogenada, margarina vegetal hidrogenada, óleo de milho hidrogenado, óleo de palma hidrogenado, óleo vegetal hidrogenado, óleo vegetal parcialmente hidrogenado, creme vegetal, composto lácteo com gordura vegetal, margarina e margarina vegetal;
  • Sal: pode estar associado a glutamato, sacarina, ciclamato, caseinato, citrato e propionato.

Com essa base, já é possível uma análise mais crítica no momento da compra dos produtos, certo? Nunca será perda de tempo, mas sim ganho de saúde! Desconfie também de outros nomes que não conhece, provavelmente trata-se de algum aditivo químico, como conservantes, aromatizantes, corantes e/ou edulcorantes.

Atualmente, o consumo de produtos processados e ultraprocessados vem aumentando, e o de alimentos in natura diminuindo. E é isso que temos que mudar! Em determinadas situações torna-se inevitável comprar algum produto industrializado, aí cabe a nós analisar. No entanto, quando não precisamos deles, temos que dar prioridade, SEMPRE, aos alimentos vindos da natureza, cujo consumo deve ser incentivado desde o descobrimento dos alimentos pela criança.

Sabe qual o grande segredo? Desempacotar menos e descascar mais. Consumir comida de verdade! Sejam críticos com as informações e propagandas vinculadas na mídia ou no próprio rótulo dos alimentos.

 

Nutriped

Anna Carolina Ghedini e Priscila la Marca

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