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Crianças (a partir de 2 anos)

Como falar de morte com as crianças?

O tema de hoje é delicado, mas inevitável: como falar sobre a morte com as crianças?

É difícil porque envolvem fatores diversos, desde religiosidade até o sofrimento da perda. Além do mais, nenhum de nós gosta de tocar neste assunto, ainda mais com crianças pois não sabemos até onde devemos falar e explicar a elas o que de fato aconteceu, afinal é muito difícil para nós e confuso para elas.

Mas quando a morte de um familiar chega, é inevitável que tenhamos que travar um diálogo com as crianças para tentar explicar o que ocorreu para eles.

Para isso, convidamos a psicóloga Adriana Provedel, especialista em terapia cognitivo comportamental e psicologia transpessoal para nos auxiliar nesta tarefa.

Vamos lá?

 

  1. Quando devemos contar para a criança que alguma pessoa morreu? Assim que ocorrer o falecimento ou espero que ela perceba a ausência da pessoa?

 

R: O momento certo para contar, vai variar conforme a causa da morte do ente querido.

Uma morte que vem como consequência de uma longa enfermidade, gera mais resignação e equilíbrio na família. Nesse caso a criança também reage melhor. A tristeza e o luto fazem parte da vida, a morte é um fenômeno natural e a criança vai reagir sempre em função do sentimento vivenciado pela família.

A família que reage com desespero, revolta, faz a criança enxergar a morte com algo traumático, desesperador.

É importante ressaltar que, mais do que a conversa , a criança assimila mesmo é a emoção envolvida com o fato. Tristeza e luto não causam trauma e são superados com o tempo.

Passei por essa experiência: minha mãe faleceu após 4 anos de tratamento contra o câncer, e minha filha tinha apenas 6 anos, e muito ligada à avó. Não escondemos a realidade, vivenciamos o luto de maneira verdadeira, ela sempre soube de tudo. Posso dizer que além de superar muito bem a perda, ainda consolou muita gente na família!

Com relação a morte trágica e inesperada, o melhor é recuperar um pouco o equilíbrio, até atingir a condição de diálogo, com o máximo de naturalidade. O mais importante é ser verdadeiro e autêntico sempre.

 

  1. Como falar com a crianças menores de 3 anos sobre a morte? E as maiores?

 

R: A abordagem só vai modificar no caso da idade, adaptando a linguagem, os exemplos, personagens que a criança conhece, animais de estimação que partiram, ou seja, usando os elementos que fazem parte do contexto da criança na sua faixa etária, para transmitir a mesma informação.

Não existe uma idade certa para abordar a morte, pode ser feita em qualquer idade.

 

  1. É importante ou não levar as crianças ao velório e/ou enterro?

 

R: Depende do preparo e do nível de resignação da família. Percebendo que prevalece o desespero e a revolta, melhor não levar! Afinal, pode-se criar uma imagem muito negativa para a criança em relação a morte.

 

  1. Como explicar que alguém muito próximo a elas morreu?

 

R: A questão da morte deve ser sempre trabalhada com a criança, como qualquer outro assunto, pois faz parte da vida, é um fenômeno natural. Não pode ser vista como tabu ou assunto impróprio para crianças.

Todos são unânimes em reconhecer que hoje as crianças são muito espertas, e muito mais sensíveis. Por isso não adianta enganar!

A criança sempre vai assimilar o sentimento que o adulto vivencia na realidade e não somente o discurso, por mais correto que possa parecer.

Um bom educador é coerente no que pensa, fala e faz.

 

  1. O que fazer no período de luto da criança para ajudá-la?

 

R: A tristeza e o luto o tempo cura, tanto para o adulto, quanto para a criança.

O importante é respeitar o momento da criança. Caso ela não queira brincar, ir para a escola ou diminua o apetite, evite criar ansiedade, é natural. Não vamos exigir da criança o que também não conseguimos, tudo passa sem deixar traumas.

Fique atento e você vai se surpreender com a capacidade de entendimento e superação das nossas crianças!

E vocês? Que outras estratégias utilizaram para tratar deste assunto com seus filhos? Compartilhem com a gente!

Beijos carinhosos,

Nana

 

Adriana Provedel

Psicóloga clínica com especialização em terapia cognitivo comportamental e psicologia transpessoal.

Coordenadora em projeto de educação em valores humanos.

adriprovedel@gmail.com