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Chegou ao mundo

Clampeamento oportuno do cordão umbilical

O cuidado imediato ao recém-nascido e nas primeiras horas de vida é extremamente importante. O Ministério da Saúde preconiza que haja o contato pele a pele entre mãe e o recém-nascido, aleitamento materno e clampeamento oportuno do cordão umbilical. Vou me ater sobre o clampeamento neste texto.

Após 9 meses em que o bebê esteve unido a mãe através da placenta, tudo o que ele recebeu de alimento e respiração o cordão umbilical foi o responsável.  Esse cordão que serviu de conexão entre gestante e bebê, no momento do nascimento, tem, em média, de 50 a 60cm de comprimento e aspecto gelatinoso ao toque. Após o nascimento, o recém-nascido passará a respirar utilizando seus pulmões e se alimentar pela boca idealmente pelo leite materno.

Parece algo simples essa despedida do cordão, né? Seria só chegar e cortá-lo, certo? Atualmente, a ciência já nos indica que seja realizado o “clampeamento oportuno”, ela significa o momento ideal para que o corte do cordão umbilical seja realizado. Novos estudos explicam que, bebês que têm seus cordões clampeados após o terceiro minuto de vida (quando param de pulsar), recebem a transferência da placenta entre 80 a 100 ml de sangue e que 90% desse montante oxigena o bebê inicialmente. Além disso, identificaram outros benefícios como aumento de níveis de hemoglobina, melhora dos estoques de ferros nos primeiros meses de vida e diminuição das taxas de hemorragia.

Não há um consenso exato sobre a recomendação do tempo exato para o clampeamento tardio do cordão.  A OMS recomenda após 1 minuto de vida (em bebês nascidos a termo ou prematuros que não tenham requerido ventilação), já a Academia Americana de Pediatria orienta o corte entre 30 – 60 segundos.  Já o Royal College of Obstetricians and Gynecologists também recomenda retardar o clampeamento do cordão umbilical para bebês saudáveis ​​a termo e prematuros por pelo menos 2 minutos após o nascimento. Já o Ministério da Saúde orienta que se aguarde entre 1 e 3 minutos após o nascimento.

Entretanto, o que se encontra na maioria dos hospitais é a prática de clampeamento imediato, ou

seja, logo após o nascimento ou até em 15 segundos. E as razões são muitas, como a pressa dos profissionais ou a falta de conhecimento sobre a recomendação ou o argumento que o clampeamento precoce do cordão umbilical previne icterícia e policitemia nos recém-nascidos, no entanto, esse posicionamento vem levantando críticas nos últimos anos.

Ou seja, em linhas gerais, o ideal é que se aguarde, no mínimo 30 segundo ou mais pra realizar o procedimento. E isso não precisa ser uma decisão do obstetra/ pediatra. Vocês, como pais, podem deixar claro suas escolhas no plano de parto de vocês e comunicam antes a equipe esse desejo.
Lembrando que a própria mãe pode cortar o cordão ou o acompanhante do parto (é sempre uma foto linda!).

Ah, não posso encerrar o texto sem lembrar a vocês sobre o mito da “circular de cordão” que muitas equipes de assistência alegam pra inviabilizar um parto normal. Caso queira saber mais, clique aqui.

Portal PEBMED: https://pebmed.com.br/acog-atualiza-recomendacao-sobre-clampeamento-do-cordao-umbilical/?utm_source=artigoportal&utm_medium=copytext

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Questão de saúde

Lei Lucas – você conhece?

Entrou em vigor desde 04/10/2018, a Lei Lucas (13.722/18) que tem por objetivo proteger as crianças do ensino infantil e básico de possíveis acidentes corriqueiros em espaços escolares. Com isso, passa a ser obrigatório que os profissionais (professores e funcionários) de instituições de ensino (escolas públicas e privadas) e também espaços de recreação infantil tenham sua formação básica no atendimento de primeiros socorros aos estudantes.

A Lei Lucas tem origem a partir de uma luta da mãe do menino Lucas Begalli, de 10 anos, se engasgou com um pedaço de salsicha do cachorro-quente que comia em um passeio escolar e, por não ter recebido os primeiros socorros de forma rápida, acabou vindo a óbito por asfixia. Mesmo tendo sido transferido por uma UTI, ele sofreu 7 paradas cardíacas nas tentativas de ressuscitação.

Com isso, Alessandra Begalli (mãe de Lucas), encabeçou a causa de que na legislação brasileira houvesse a necessidade de que profissionais escolares estivessem treinados para prestar o socorro primário até que a equipe de socorro pudesse amparar e continuar o atendimento. Inicialmente, criou uma página no Facebook, realizou divulgação do caso até conseguir visibilidade pro caso se tornar uma lei.

Segundo a Lei Lucas, as instituições de ensino devem capacitar seus funcionários para noções básicas de primeiros socorros a cada 2 anos. Os locais que descumprirem a lei, são inicialmente notificados, podendo em caso de reincidência haver multa, cassação de alvará ou responsabilização patrimonial. A lei inclui também estar equipado para várias situações que podem se apresentar — principalmente as emergências como uma parada cardíaca – para agilizar o atendimento. Quando tratamos de primeiros socorros básicos, cada segundo pode ser muito decisivo para a sobrevivência do paciente.

Aqui ficam algumas técnicas de reanimação cardiorrespiratória em crianças menores de 1 ano.

– Verifique se ela responde. Em caso negativo, comece a reanimação enquanto pede para alguém entrar em contato com o atendimento médico (Samu).

– Coloque a criança deitada de imediatamente a reanimação. Coloque a criança deitada de costas em uma superfície dura e plana. Localize os mamilos da criança e coloque os três dedos do meio ao nível da linha que os une, elevando o primeiro dedo e utilizando a polpa dos outros dois dedos para comprimir o tórax.

– Faça pressão sobre o tórax da criança por 30 vezes se você estiver sozinho. Mantenha a pressão até que o socorro chegue.

Em casos de crianças maiores de 1 ano, a diferença será que a massagem cardíaca será aplicada de forma diferente.

Com a criança deitada de costas em uma superfície dura e plana, ajoelhe-se ao lado dela. Se o peito estiver coberto, descubra-o. Localize no peito da criança (entre os mamilos), um osso largo (esterno) que une as costelas. Escorregue os dedos (em direção ao estômago) até achar o final desse osso. Localizada essa ponta final do osso, meça dois dedos de largura, acima dele e, imediatamente acima desta medida, coloque a outra mão, apoiando somente a região inferior da palma da mão (junção com o punho).

Dependendo do tamanho da criança pode ser utilizada uma mão ou duas (uma sobreposta à outra). Afaste os dedos da mão das costelas da criança para evitar fraturas. Mantenha o braço esticado e faça pressão sobre o tórax da criança por 30 vezes. Alivie a pressão totalmente, sem perder o contato da mão com o peito da criança.

Reinicie o procedimento (que é chamado de Compressão torácica). Continue fazendo as compressões e ventilando o paciente até o socorro (SAMU) chegar. Essa técnica de reanimação cardiorrespiratória é igual para adultos.

E você sabe dizer se a instituição de ensino que seu filho estuda já preparou seus profissionais para uma eventual necessidade?

Já ouviu falar em Asfixia postural com os bebês recém-nascidos? Clique aqui e saiba mais.


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Bebê na barriga

3 furadas do enxoval da mãe e do bebê

Quando estive gestante cai no erro de investir o meu orçamento em 3 peças bem desnecessárias (tanto no enxoval do meu filho quanto no meu). Mas já vou deixando as dicas por aqui para evitar que vocês caiam no mesmo erro.

Anotem aí:

Fujam das luvas – Eu sei que na hora de fazer o enxoval do bebê é certeza de que ele terá luvas. Inclusive elas aparecem na lista de itens que muitas maternidades pedem para se levar. Faz parte da nossa cultura. E talvez você tenha se espantado pelo fato dele não precisar usá-las. É isso mesmo!

As suas mãos geram a interação com o meio: desde a barriga da mamãe, os bebês as sugam, tocam em seu cordão umbilical, conhecem seu espaço através dela. A luva acaba se tornando uma barreira pra interação com o externo.

Tá, eu sei que você deve estar pensando: “mas a unha dele está grande e ele se arranha”. Neste caso, o ideal é manter as unhas cortadas (aham! Também concordo que é uma missão suuuper desafiadora no início).

Sempre tem aquela vó que diz que o bebê com a mão gelada e deve estar com frio. Em geral, as extremidades do bebê são realmente mais geladas (pés e mãos) mas não quer dizer que ele esteja sentindo frio. Elas ajudam a realizar regulação térmica. Para saber se o bebê realmente está com frio, use como referência as costas ou o peito de bebê. E se estiverem gelados, agasalhe mais ele. Agora, cuidado: nem roupas de mais, nem roupas de menos!

Eu posso ouvir você me perguntar: “mas eu vou viajar pra um local muito frio, nem assim posso usar luvas?”, vamos lá, neste caso o bom senso deve reinar. Se você está usando luvas pra você por conta do frio, o bebê também deve usar. Por que neste caso o contexto mudou.

Fujam da cintas – Quando estava gestante, cai na besteira de investir no meu enxoval numa peça que eu achava SUPER necessária, mas que na verdade não tem nenhuma indicação real de uso.

               Se tem uma peça no estilo “é cilada, Bino” é a cinta modeladora. Quer saber o porquê? Então, senta que lá vem a história:

  • É um item caro e que não tem comprovação de benefício (sim, eu sei que você vai dizer que dá a sensação de estar “segurando a barriga”), maaaaas….
  • Os seus órgãos levaram 9 meses trabalhando pra se modificarem de lugar pra comportar um bebê e, por isso, eles precisam ter a chance de trabalhar tudo de volta pros seus lugares anteriores, com isso, a cinta acaba prejudicando a musculatura abdominal de fazer o trabalho dela.
  • Além disso, ela não é confortável (quem já usou, sabe do que estou falando o aperto que é usar) e acaba atrapalhando o trabalho do seu diafragma na respiração.
  • E pra quem fizer cesariana e tiver cicatriz, a cinta pode atrapalhar a cicatrização porque abafa a região e gera uma pressão local.

Em nossos cursos, sempre orientamos as gestantes que optem por calcinha com a pala mais alta (estilo calcinha da vovó) porque gera mais conforto e evita a sensação de que tá tudo frouxo dentro da barriga.  A gente também recomenda a paciência pra esperar a natureza agir e permitir que o corpo trabalhe no tempo dele.

E por último, fujam do kit berço

Se tem um item que sempre gera polêmica sobre comprar depois que os pais adquirem o berço é o “famoso” kit berço. Eu sei que eles são super fofos, porque decoram combinando com o quartinho do bebê e dão a sensação de proteção pro bebê não se machucar nas grades, evitando que prendam as mãos ou os pés.

Só que, na prática, ele apresenta mais perigo do que segurança, porque ele pode gerar risco de sufocamento, pois protetores, babados, fitas (até os bichos de pelúcia) e almofadas proporcionam o risco da criança se sufocar com eles enquanto dorme ou se enroscar. Além disso, o bebê pode fazê-lo como trampolim pra pular do berço e ainda corre o risco de proporcionar uma série de alergias ou até mesmo problemas respiratórios, dependendo do tecido dos itens e do estado de saúde da criança.

A recomendação é a de que, por mais que seja bonito ter tantos enfeites, o berço de um bebê possua apenas um lençol e que tenha a superfície plana. Se estiver mais frio, agasalhe melhor o bebê para evitar o uso de cobertores, já que o bebê não tem habilidade motora nem força no pescoço suficientes (até os 3 primeiros meses) para sair de uma situação em que algo impeça sua respiração.

Caso queira proteger os braços e pernas do bebê, você pode usar uma tela de proteção. Em berços, menos é mais.

E aí, gostaram das dicas?

Pode ser que te interesse saber sobre dicas para o enxoval, clique aqui.

Se quiser ter dicas pra cuidar de um recém-nascido, cliquei aqui.

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Expectativas Maternas Sem categoria

Não deixe o pai te ajudar!

Nas duas últimas décadas, temos reparado um movimento cada vez maior de mulheres que, ao contrário de sua antiga geração (mães, tias e avós) entendem que ao participarem igualmente no mercado de trabalho em comparação aos homens, estão ficando cada vez mais sobrecarregadas. Isso porque somada as suas carreiras, existem as demandas dos cuidados do lar, alimentação e, especialmente depois da chegada de um bebê, cuidados maiores e mais desgastantes com a criança.

Se você que está lendo também se encaixa neste cenário moderno, me diz: Seu marido/companheiro ajuda você com os afazeres de casa e com o bebê?

Se respondeu sim, eu tenho quase certeza de que você está sobrecarregada!

A maioria das mulheres reclama dizendo que ouvem muito a frase de que seu marido é um paizão porque ele troca as fraldas e ATÉ dá banho no bebê!”.

Mas o tempo passa e elas se dão conta de que nunca foram mãezonas porque cuidam bem dos seus filhos 24h por dia, amamentando, introduzindo comidas, lendo e pesquisando sobre a infância, reparando nas roupinhas que cabem ou não nos filhos e pensando em qual destino dará a elas quando ficarem pequenas. Ou mesmo porque estavam entendendo sobre a rotina do sono, a escolha da melhor escolinha, definindo qual vai ser o cardápio do dia seguinte e até se o presente pro aniversário do fulaninho já estava comprado.

Essas mulheres nunca ganharam medalha porque a casa estava organizada (na medida do possível), porque acordavam a cada 2/3h na madrugada, porque passavam pelo baby blues ou porque tinha o contato salvo da pediatra no telefone para os momentos de urgência.

Elas estão se dando conta de que muitas vezes seus companheiros, aqueles “paizões” as ajudam. Ajudar é assumir que a responsabilidade é sua, mas alguém se dispõe a dar uma mãozinha pra você, “quebrar o seu galho”.  Ajudar é aceitar uma migalha de tempo do outro.

Essas mães não querem pais que as ajudem. Afinal, quem ajuda é a vizinha, a amiga ou sua mãe, que de vez em quando te dá uma forcinha para você conseguir fazer algo.

Preferem um pai que divida as responsabilidades dos filhos com elas. Que saibam fazer a mochila pra escola, levar ao pediatra e cuidar (mesmo que não seja da maneira que idealizaram) da melhor forma possível de seus filhos.

Companheiros/pais que tenham autonomia pra ver que as unhas estão grandes e precisam ser cortadas, marcar o dia de cortar o cabelo, saber os aniversários que virão e preparem a lancheira de acordo com o que a rotina familiar estabeleceu antes. Ainda coloco um plus: que saibam identificar aonde está qualquer objeto na sua própria casa sem que nós, mulheres, tenhamos que ser seus personal gps.

Afinal, se elas conseguem dar conta de trabalhar, organizar o lar e cuidar dos pequenos, porque eles não seriam capazes também?

Quando existe a divisão de tarefas ninguém fica sobrecarregado e cansado demais. Por isso, pai não deve ajudar, e sim dividir as atividades.  Muitos relacionamentos melhoram quando a família combina as funções e tarefas de cada um, porque para de sobrecarregar apenas a mulher.

Sim, eu sei que vivemos numa cultura ainda de muito machismo estrutural e que os homens de hoje foram criados em um modelo cultural de uma mulher subserviente. Maaas, se nós tivemos que nos adaptar as mudanças, por que não eles também se ajustarem? E mais, por que não criar os filhos e filhas com esse novo olhar?

Agora me conta, e na sua casa? Como funciona a divisão de tarefas? É 50% – 50%?

Se quiser ler mais sobre rede de apoio, clique aqui.

A crise no relacionamento está aparecendo. Esse vídeo vai te ajudar. Clique aqui.

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Expectativas Maternas

Você sabe o que é rede de apoio?

“É preciso uma aldeia inteira para criar uma criança”, diz o provérbio antigo.

Essa frase está em alta, sendo resgatada por educadoras e pais quando pensam a criação de seus filhos, pois percebemos que em um mundo cada vez mais urbano, mais individualista, com famílias menores, os pais, principalmente as mães, estão cada vez mais sozinhas, com pouco apoio.

Como dar conta de tantas demandas do mundo moderno e ainda gerar, criar e educar filhos?

As mulheres atuais estudam, trabalham fora de casa (e dentro), viajam, tem outras funções além da maternidade. E mesmo que viva só para criar filhos, é um árduo trabalho que deveria ser dividido com mais pessoas da família, parentes, vizinhos, amigos. Antigamente as sociedades se configuravam dessa forma, um casal tinha filhos e a responsabilidade de auxiliar na educação eram de todos da família, não somente os genitores, mas viemos perdendo isso ao passo que os núcleos familiares estão cada vez mais ficando menores.

Estamos falando da rede de apoio. Uma rede que irá auxiliar uma família a criar seus filhos. Irá auxiliar porque tem laços, porque está disponível, porque entende que uma mão lava a outra e em algum momento a hora dessa mulher que ajuda pode chegar e ela terá com quem contar também.

Mas a descrição acima fica no mundo da imaginação quando comparamos com a realidade atual. É difícil ter rede de apoio na atualidade. Muitas vezes os parentes moram distantes, a mulher de licença maternidade fica isolada, não dá conta de tudo sozinha, não tem muitas pessoas que pode pedir auxílio.

Quando temos condições financeiras pagamos pessoas que irão nos ajudar com nossos filhos, mas quando não temos, a sobrecarga é inevitável. Mas nenhuma pessoa tem condições humanas de cuidar de uma criança sozinha e dar conta de todo o resto (cuidar da casa, lavar, cozinhar, limpar). A demanda cresce cada vez mais. A volta da mulher ao mercado de trabalho, seus anseios, planos.

Quando parimos, precisamos de apoio físico, emocional, braçal, alguém que chegue na nossa casa lavando a louça para nos ajudar, alguém que chegue com comida para nos alimentar, precisamos de um ombro amigo para nos escutar. Alguém que fique com o bebê por 30 minutos para a mãe descansar um pouco, tomar um banho ou fazer uma refeição quente sem ser interrompida.

Precisamos criar uma rede de apoio mesmo que ela não exista naturalmente.  Amigas, recém mães, parentes, familiares, babá, vizinhos, todas essas pessoas podem na auxiliar e nos ajudar…. Não podemos carregar esse fardo sozinha que é criar filhos em um mundo cada vez mais individualista, mais egoísta, onde cada um olha para suas demandas e vive isolado, angustiado, sozinho.

Se pensarmos que cada um pode fazer um pouco pelo outro e principalmente pelas mães que não tem apoio, o mundo seria um pouco menos frio e mais gentil. Empatia é uma palavra que está na moda e resume bem a ideia que trouxemos para cá hoje.

E vc, teve rede de apoio? É a rede de apoio de alguém?

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Carta às mulheres que não desejam filhos:

A maternidade sempre me pareceu compulsória. Parecia fazer parte da vida adulta da mulher. Após o casamento, virão os filhos. Mas a sociedade veio se transformando e junto com ela, as mulheres.

Quem disse que elas deveriam se casar? Nem todas se casam, nem todas  tem esse sonho, nem todas encontram pessoas legais para casarem.

Após os anos 60 do século XX , com a transformação do pensamento da mulher na sociedade ocidental, com a invenção da pílula e várias outras formas de se prevenir filhos, eles passaram a não ser tão compulsórios assim.

Muitas mulheres se casam e o casal não deseja filhos, muitas mulheres vivem outros sonhos e não desejam nem casamento, nem filhos, e está tudo bem. Pois estamos nos permitindo viver outros sonhos e outras realizações, ao invés de filhos.

A verdade toda é que eu só fui entender as mulheres que não desejam filhos depois que eu o tive. Sim, depois de passar por toda a dor e delícia da maternidade. E, sinceramente, não é para todas mesmo.

É uma mudança radical na vida da família, principalmente da mulher que vive um novo papel social mas ainda assim carrega praticamente sozinha o papel dos filhos. Vivemos numa sociedade em que a rede de apoio é cada vez menor, o casal cuida sozinho, e ainda recai mais para a mulher, pois esse papel lhe parece tão “natural”.

A mulher tem licença e se afasta do trabalho, por isso muitas vezes é mal vista. É a mulher que sente o incômodo de ter que retornar tão pouco tempo depois a trabalhar e deixar seu bebê tão pequeno e indefeso aos cuidados de outros (ou abdicar temporariamente da sua vida profissional), é a mulher que engravida, engorda, amamenta e é tão cobrada…

É a vida dela que passa por uma mudança de 180 graus, que faz nascer outra pessoa (mãe) depois dos filhos.

Por isso, não devemos cobrá-las, pois será muito mais as vidas delas que passarão por transformações. E tudo bem não querer ser mãe. Tudo bem não querer experimentar a maternidade, a sociedade enxerga que a mulher tem outros propósitos para a sua vida além de casar-se e ter filhos. Tornou-se de fato, uma escolha muito bem pensada, afinal, conseguimos prevenir, programar e planejar os filhos nos tempos atuais.  

Fazemos escolhas e por mais que tentemos explicar que apesar de todos perrengues tem a parte mais fofa e o amor do mundo, ela tem o direito de dizer não, sem ser julgada.

Por isso, venho trazer minha empatia a todas as mulheres que disseram não aos filhos e foram honestas consigo mesmas e, com eles, pois não estavam dispostas a se doarem, não dessa forma. A sinceridade é a melhor postura perante a si e aos outros. Se não estamos afim de abrir mão de muitas coisas em nossas vidas, melhor dizer não aos filhos, do que estes carregarem a “culpa” de terem transformado a vida dessa mulher para pior.

A vida tem tantas portas, a vida tem tantas possibilidades e a maternidade é só mais uma nas vidas das mulheres modernas que hoje tem minimamente o poder de escolha.

Talvez você se interesse por essa matéria: http://www.maesotemuma.com.br/existe-mae-perfeita/

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A mãe de 2 (ou mais)

A mãe de 2 (ou mais) é um eterno misto.

É um misto de mãe experiente com marinha de primeira viagem (afinal, os filhos são diferentes, né?).

É a mistura de um “Deus me livre ter um segundo” com “quem me dera uma fofurinha no meu colo” (afinal, meu filho pede tanto um irmão).

É a mescla de “um bebezinho é uma coisa tão linda!” com “por que ele não dorme 8 horas seguidas como o seu irmão mais velho de 4 anos?”.

É a combinação de “pelo meu bebê eu largo tudo” com “caraca, logo agora que eu tava voltando a ter a minha vida própria”.

É um eterno duvidar da capacidade de amar mais de um filho com tanta intensidade, com um “que bobagem! Como pude pensar isso algum dia?”.

É saber que o desespero pra que o primeiro mês do primogênito voasse, não combina com a compreensão de que “tomara que o segundinho não cresça tão rápido assim”.

É ver o primeiro ensinando tantas coisas ao segundo e pensar que está perdendo o último bebê da casa pro mundo.

É se sentir exausta por escutar tantas vezes no dia “mamãe, eu tô com fome, ele me bateu, acabei o cocô, tô com medo” e quando a casa silencia, olhar em suas camas aqueles seres angelicais dormindo e pensar: “nhooooo… como podem dar tanto trabalho?”

É sentir um amor absurdo por cada filho mas não conseguir escolher um como preferido.

É fazer um enxoval lindíssimo pro primeiro e reaproveitar o que pode pro segundo.

É ser a mãe inatingível na primeira vez e a mãe que “faz o que dá” nas próximas maternidades.

É saber que o primeiro filho te deu um medo do caramba pra cuidar e com o segundo você já ri dotada da sua enorme “auto-confiança”.

É pedir desculpas pro primeiro por tê-lo feito de experimento de mãe e ter que se vigilar com o segundo pra não “liberar geral”.

É fazer malabarismo quando vê os boletos dobrados chegando em casa e quando olha pros pequenos pensar: “mas tá valendo a pena”.

Ser mãe de dois (de três ou mais) é saber que não existe limite pro amor (nem pro cansaço).

Ser mãe de dois é tão múltiplo quanto insano.

Obrigada, meus meninos!

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Existe mãe perfeita?

Nós, mães, nos cobramos perfeição o tempo todo. Mesmo que sem querer, estamos lá achando que devemos e (o que é pior) que podemos dar conta de tudo. Mas eu vou te contar um segredinho: somos humanos, feitas de carne, osso, músculos… Por mais que tentemos, uma hora a estafa chega, estafa física, mental, emocional.

Faço aqui um papel importante, venho te contar que nenhuma mãe é perfeita, é mulher maravilha, consegue dar conta de tudo. Mesmo que pareça ser. Ás vezes as aparências enganam e a imagem perfeita de mulher, mãe, esposa, profissional que fazemos de determinada pessoa não é aquilo tudo que possa parecer. Nós falhamos, temos nossas limitações e quanto mais negarmos isso, vamos correr atrás do próprio rabo tentando dar conta de algo inalcançável, principalmente sozinhas.

A sociedade vem mudando ao longo das décadas e séculos. O que antes era papel principal da mulher, que era criar filhos e cuidar da casa, hoje, não se resume mais a isso. Antes tínhamos essa obrigação e sem poder opinar muito, aceitávamos e tudo bem. A mulher saiu de casa, foi trabalhar, foi estudar, foi ganhar o mundo e entendeu que seu papel não era ser só mãe e esposa. E começamos a pensar em um mundo mais igualitário, onde os pais também contribuam com a casa e a educação dos filhos.

Atualmente, uma mulher dificilmente sonha somente em formar família. Ela deseja conquistar o mundo: viajar, estudar, vivenciar experiências sozinha, com as amigas, construir sua carreira profissional. Mas nos deparamos com uma dura realidade: como seguir atrás de nossos sonhos se nossos papel de casa, de mãe e esposa exemplar continuam nos exigindo muito?

Entendendo e aceitando que é humanamente impossível dar conta de tantos papéis: mãe, mulher, esposa, trabalhadora, amiga… Entender que você precisa do apoio do seu marido/companheiro. E se você puder construir uma rede de apoio com seus parentes (geralmente sogra e mãe), ter alguém que te ajude com a casa ou com seu filho. Tudo isso ajuda a aliviar a rotina pesada que todas nós temos atualmente.

Eu acredito que sem o peso da perfeição que a sociedade (e nós) tanto nos cobra, nossa maternagem possa ser mais leve, sem tantas cobranças, nos dando a chance errar e acertar, podendo cuidar de si mesma. Bora desconstruir tudo isso?

Com carinho,

Lilica.

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Expectativas Maternas

Autoperdão: toda mãe deveria praticar.

Qual foi a mãe que NUNCA perdeu a paciência em meio a uma crise do filho (ainda mais em torno dos 2 ou 3 anos)?

Qual foi a mãe que NUNCA sentiu vontade de desistir. Que NUNCA pensou nem por 1 segundo sequer aonde estava com a cabeça quando decidiu ser mãe?

Que jurou que NÃO teria nem mais um filho…

Educar não é nada fácil. Eu diria que tem sido uma das tarefas mais desafiadoras para mim. Demanda energia, paciência, paciência, mais paciência e estar bem centrada em si, porque quando já estamos estressadas, cansadas, cheia de problemas, basta uma atitude de desobediência para nos tirarmos do sério.

TODAS nós já nos sentimos culpadas em algum momento da maternidade (seja gravidez, quando o bebê nasceu, quando ele estava maiorzinho)…a gente vive permeada de culpa, parece que não podemos errar nenhuma vez. Mas somos humanas e erramos sim! Temos sentimentos, nos sentimos exaustas, tristes, sobrecarregadas, estressadas e estouramos de vez em quando. Com tanto que não seja diário, faz parte.

Quando erramos, não temos o que fazer para voltar atrás. O que foi feito, já está feito. Mas podemos recomeçar sempre. Então, analise sempre suas falas e ações e caso perceba algo de ruim, se auto analise e veja se pode melhorar. A verdade é que sempre podemos ser melhores (mães melhores, seres humanos melhores). Não se culpe, mas busque ajuda, se precisar.

Lendo sobre disciplina positiva, me deparei com algo interessante que faz todo sentido para mim: a gente só consegue abaixar na altura da criança, olhar nos olhos, conversar, explicar e educar de forma justa, quando estamos em nosso centro de equilíbrio. Não adianta que nervosa e cansada nada irá fluir.

Então uma dica que dou pois tem funcionado comigo é cuide de si, não só fisicamente, mentalmente, espiritualmente, pessoalmente, você precisa estar bem para educar seu filho e cair menos nessas “armadilhas” de gritar, bater, ameaçar. São reações violentas que só adiantam a curto prazo por medo, pois não ensinam nada de fato.

Como sentimos na pele diariamente é exaustivo educar, erramos sim, algumas vezes, mas não deixe a culpa te paralisar e te fazer sentir uma monstra. Todos temos dias piores e melhores. Claro que quando temos uma consciência maior dos nossos atos, a chance de repetirmos esses “erros” diminuem. Mas quando eles acontecerem você vai saber que está tentando fazer o seu melhor e amanhã será outro dia de recomeço.

 

Um abraço apertado,

Lilica.

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Carga Mental Materna

Na sua casa: Você verifica se as unhas do seu filho precisam ser cortadas? Sabe o tamanho do pé dele? Sabe se as roupas que estão no armário estão cabendo nele? Qual é a próxima festa de aniversário que ele tem para ir e comprou o presente? Liga para marcar o pediatra e leva seu filho? Essas são algumas perguntas básicas que TODO pai e mãe deveriam responder sim para a maioria delas.

Mas a realidade nua e crua é que a maioria dessas perguntas são respondidas de maneira positiva pelas mães, que além de trabalharem fora de casa, trabalham dentro (lavando, cozinhando, passando) e cuidando dos filhos. Ahhhh mas o marido/companheiro/pai da criança, “ajuda”! Peraí que ninguém ajuda ninguém. Dentro de uma família, todos os membros colaboram, têm as suas tarefas definidas e fazem (ou pelo menos deveriam fazer) seu papel, então esse argumento de ajudar, tem sido bem rejeitado ultimamente. Pai não ajuda, pai PARTICIPA!

Ei, PARA TUDO! Se você é a mãe que está lendo esse texto, provavelmente já se sentiu sobrecarregada, mas se você é o pai que está lendo, pode não estar entendendo nada! Então, vem comigo que irei te explicar tudinho sobre essa tal de carga mental que as mulheres estão falando…

Geralmente as mães ficam com as tarefas domésticas e com as tarefas que podemos dizer “mentais”. E o que seriam essas tarefas mentais? Tomada de decisões, tomar conta dos detalhes da vida do filho, prestar atenção em situações emocionais e subjetivas que, muitas vezes passam despercebidas pelos homens. É da natureza deles ser assim? Eu, como professora de sociologia, diria que não. Todos os papéis são construídos socialmente e o papel do pai, principalmente na sociedade brasileira, é bem patriarcal e machista.

O que isso significa? Históricamente, o pai tem a função de prover financeiramente a casa e tomar as decisões importantes da família. Massss as famílias têm mudado muito e como citei acima, muitas mulheres também se tornaram provedoras da casa. Entretanto, continuaram com todo o resto das tarefas do lar e dos detalhes da família. São sobre esses detalhes que estamos falando!

Responsabilidade de sempre cozinhar, de sempre estar com as tarefas da casa como se fossem somente responsabilidade delas, pensar questões do dia-a-dia do filho, como lancheira da escola, uniforme escolar, conversar com a professora sobre a postura do filho em sala, tomar conta se a carteira de vacinação está em dia, preocupar-se com quem ficará com seu filho nas férias longas do final do ano, pensar nos presentinhos das professoras, se a escova de dente está boa para continuar usando ou precisa trocar e etc. Eu poderia continuar listando uma infinidade de tarefas que parecem bobas mas que juntas, diariamente, nos cansam demais mentalmente.

Isso se chama carga mental: uma série de tarefas que são colocadas para as mulheres como responsabilidade delas. Estamos cansadas físicamente de dar conta de tudo da casa e mentalmente por não ter com quem dividir as tomadas de decisões e atitudes cotidianas que parecem bobas mas nos tomam tempo de pensar e organizar. O que me deixa mais triste nisso tudo é que esses relatos não são de algumas mães insatisfeitas, e sim da imensa maioria das mães. Independente de classe social, de bairro, da família, mulheres estão sobrecarregadas constantemente, tendo que dar conta de grande parte das questões familiares, físicas, emocionais, mentais…

O que eu sugiro? Conversa, conversa, conversa. Explicando o grande cansaço de dar conta de muita coisa, que determinadas tarefas podem ser divididas e os pais podem (e devem) prestar mais atenção nos detalhes que geralmente são deixados para lá. Sugiro também delegar funções! Sim, pedir de forma quase que imperativa para que o paizão resolva algum problema ou seja responsável semanalmente por determinadas tarefas.

Eles precisam entender que a mulher/mãe precisa ter alguma sanidade mental para exercer as tarefas diárias dela. Caso essa mulher esteja sobrecarregada demais, ela vai pifar e o pai vai ficar perdido com tanta informação e tarefas que ela acumulava para si. Então, o primeiro passo é que o casal entenda que existe a divisão de tarefas e que os cônjuges precisam exercer essas tarefas de forma completa para que todos da família consigam exercer seus papéis da melhor forma possível. Eu tenho esperança nessa nova paternidade que está surgindo com os questionamentos das mulheres, em relação aos antigos papéis de seus maridos e companheiros.

Espero ter ajudado.

Lilica.

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Expectativas Maternas

Carta de um pai para a mãe dos seus filhos

“Meu amor,

faz dois dias que tivemos uma forte discussão. Eu havia chegado em casa, cansado com os problemas do meu trabalho. Eram 20h e a única coisa que eu queria era me sentar no sofá e assistir aquele jogo de futebol.

Quando eu te vi, você estava esgotada e mal-humorada. As crianças estavam brigando e o bebê não parava de chorar enquanto você tentava colocá-lo para dormir.

Resolvi aumentar o volume da TV.

– Seria bom que você me ajudasse um pouco e se envolvesse mais na criação dos nossos filhos – você me falou com um bico enquanto abaixava o volume da TV.

Eu, aborrecido, te respondi que “passei o dia todo trabalhando para que você pudesse ficar em casa brincando de boneca”.

A discussão aumentou. Você chorava de raiva e de cansaço. Eu disse coisas cruéis para você. Você gritou que não aguentava mais. Saiu de casa chorando e me deixou com as crianças.

Eu tive que dar a janta deles e colocá-los para dormir. No dia seguinte, você ainda não tinha voltado, tive que pedir uma folga ao meu chefe para que pudesse cuidar deles.

Vivi todos os chiliques e choros. Senti o que é correr sem parar e não ter tempo nem para tomar banho. Tive que preparar o café, vestir cada criança, limpar a cozinha e tudo isso ao mesmo tempo. Além disso, fiquei o dia todo em casa sem falar com ninguém maior do que 10 anos de idade.

Passei pelo que é não comer tranquilo, sentado em uma mesa e, ao mesmo tempo, estar correndo atrás de uma criança. Fiquei esgotado físico e mentalmente e só desejei dormir por 20 horas seguidas, mas tive que acordar às 3h da manhã porque o bebê acordou chorando.

Vivi dois dias e duas noites no seu lugar e agora posso dizer que te entendo. Entendo o seu cansaço, entendo que ser mãe é renúncia constante e que é mais esgotante do que 10 horas entre os “tubarões empresariais” e as decisões econômicas.

Entendi o que é a tristeza de ter que renunciar a sua profissão e a sua liberdade econômica para não deixar de estar presente na criação de nossos filhos.

Entendi a incerteza que você sente já que a sua economia não depende mais de você e sim, de mim,

Entendi os sacrifícios de não ter tempo para sair com suas amigas, fazer uma atividade física ou dormir a noite inteira.

Entendi como pode ser difícil se sentir presa cuidando das crianças e notando como está perdendo tudo o que acontece lá fora.

Até entendi o teu aborrecimento com a minha mãe, cada vez que ela critica a sua forma de educar os nossos filhos, porque ninguém sabe o que é melhor para eles do que a própria mãe.

Entendo que ao ser mãe, você acaba levando a carga mais pesada da sociedade. A que ninguém valoriza, nem reconhece e muito menos remunera.

Não te escrevo esta carta para que você volte apenas porque sinto sua falta, mas porque não quero que acabe um novo dia sem que eu te diga: “Você é valente! Está fazendo um excelente trabalho e eu te admiro muito!”

 

Nota recompilada por Sara Rosenthal

Naran Xadul

Tradução e adaptação livres: Mãe Só Tem Uma. Os direitos Autorais no Brasil são regulamentados pela Lei 9.610. A violação destes direitos está prevista no artigo 184 do Código Penal. Este artigo pode ser publicado em outros sites, sem prévia autorização, desde que citando o autor e a fonte. 

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Expectativas Maternas

Puerpério: sim, é possível sentir falta!

Diario do pai
Data Paternofilial 255.9
Terça-feira, eram 3 da manhã. Data paterna 246, começa a contagem de vida do meu filho, agora data paternofilial 246.1. O susto tinha passado. Minha esposa dormia na maca ao meu lado, logo após um parto complicado, logo após o susto que tive… apenas a via dormir… Mas no quarto faltava alguém. Não tinha a cama que mais esperávamos. Não tinha exatamente aquele que esperavamos desde a data paterna 01. Fiz a coisa mais difícil neste dia, a exatas 2h antes… leva-lo e interna-lo no CTI Neo Natal… nem pestanejei quando a médica sugeriu e agarrei com afinco que esta era a melhor decisão. E era. E foi. Aliás, a pior parte foi dar a notícia para minha esposa quando ela acordou.
Não, não vou falar da condição dele, foi mais um ato preventivo que qualquer outra coisa e isso é algo que condiz a família apenas. Portanto, ao encontrar uma família que o mesmo tenha ocorrido, segure a onda e não pergunte, se a família quiser te falar sobre, falará. Não tente falar do assunto, não tente encontrar justificativa (sempre parece crítica negativa a escolha dos partureintes… sério, sempre), fale apenas de força, se passou por situação parecida, fale da melhora, mas não force. Repetindo, apenas fale de força, fale de melhoras e nada mais. Neste momento, os parturientes só querem abraços e fim.
Mas esta introdução é apenas para relatar uma coisa: “Puerpério! Sim, é possível sentir falta!”.
Eu sei que o puerpério é uma fase complicada, mãe e bebê se adaptando, pai se adaptando a ambos (quando o faz), ninguém dorme, cólicas, dificuldade na amamentação, desespero total, a lista é grande e não quero romantizar nunca esta fase, ela é um caos regado de amor e desespero. Mas antes de dizer que ninguém sente falta do puerpério, eu e minha esposa hoje estamos ensandecidos para que o mesmo aconteça, afinal, ninguém merece os dramas do CTI que relato abaixo:
1- bebê no CTI, primeiro contato, ele está em uma incubadora, com tubos e mais tubos inseridos em um braço, um sistema de monitoramento que observa parâmetros corporais que realmente variam e apitam o tempo inteiro. No nosso caso, ainda tem um respirador no nariz. Você o vê por uma base de acrílico colocando apenas suas mãos no bebê sem poder colocá-lo no aconchego do colo. Não ainda. E quando tem esta autorização… o trabalho de tira-lo é tão grande devido aos tubos, que você não quer devolvê-lo para a caixa quente opressora. Então você começa a torcer que o respirador saia logo e facilite sua vida.
2- o primeiro banho não é seu. Nem a maioria das trocas de fraldas. Quando vão fazer algum procedimento ou revisão do bebê, você não pode ficar do lado. O resto do dia pode.
3- enquanto não sai o respirador do nariz, nada de amamentar. Vários bebês então se alimentam apenas de sonda, enquanto não tiram o respirador. Mas vai lá, a mãe é incentivada a ordenha para que seu colostro e leite fortaleça o bebê.
4- o local é desconfortável para os pais, por mais que as cadeiras sejam confortáveis. Passar o dia lá é mentalmente desgastante, desesperador, cansativo, mesmo que você faça nada, você fica totalmente esgotado.
5- a mãe tem alta, você pega na mão dela a noite e a leva para casa, quase a força, quase no papel do cara monstruoso que a está levando para longe da criança dela, mas porque você sabe que se ela não descansar, será pior.
6- no carro, o bebê conforto está vazio. Você o cobre com um pano para fingir que não a vê ali no fundo.
7- em casa você não dorme no quarto, pois o berço dorme vazio. Seu sono não vem, pois você não quer sair do lado da incubadora.
8- a noite é toda interrompida devido a dores e remédios do pós-parto. Ai você recorda, o bebê não está ali para reforçar que valeu a pena.
9- controlar para quem você fala a situação, dar notícias todo dia e controlar as visitações limitadas.
10- você saber o que seu filho precisa (ele ta com cólica por exemplo) e não poder fazer nada, pois ele está sobre controle rigoroso médico.
11- dia seguinte você volta ao hospital, e a rotina se repete.
Portanto, a única coisa que sentimos falta neste momento é o santo puerpério infernal. Adoraria passar noites em claro com o bebê chorando em casa e não em um esquife quente de acrílico.
Mas tem um alento nesta rotina malévola. Cada dia era uma melhora. Cada dia era uma comemoração. Cada dia você pensa que está mais próximo da alta. Mas a noite, ir para casa era um chute da realidade, pelo menos mais fraco, pois cada melhora era uma injeção de ânimo na esperança.
Por fim, não me dei ao luxo de chorar, este texto é meu choro. Apenas sei que não desejo isso a nenhum pai/mãe. Somente pior que este quadro seria a criança não viver. Repito isso na minha cabeça todo dia para aliviar a dor. Em breve ele estará em casa acabando com meu sono.
Meu próximo texto será sobre a importância do pai no pós-parto, exatamente com minha experiência no CTI. Espero que gostem.

Tulio Queto
É pai e escreve no blog http://jornadapai.blogspot.com.br/
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Expectativas Maternas

Não deixe a culpa (materna) te paralisar

TODAS nós sentimos culpa, todas! Não conheço uma mãe que não se torturou em algum momento por algo simples ou até mesmo mais sério. A verdade é que parece que junto com a maternidade também vem a culpa materna e ela nos faz remoer tantas situações, que muitas vezes não teríamos poder de mudança ou escolha, mas estamos lá, diariamente remoendo e nos culpando…

Culpa porque deixamos o filho tomar sorvete e está tossindo a noite toda, culpa pelas vezes que não repreendemos as atitudes que não foram legais ou que talvez passamos um pouco do limite repreendendo demais tal atitude. Culpa por querer viver um pouco fora do mundo da maternidade e sair com as amigas de vez em quando, culpa por não abrir mão de sua vida profissional e ter colocado seu filho na creche tão novinho. As situações seriam infinitas se ficássemos listando todas aqui.

Quando o assunto somos nós, mulheres, pessoa independente de ser só mãe, parece que a culpa bate mais forte. Queremos fazer exercício, ter vida social, profissional mas a maternidade muitas vezes nos puxa tanto que nos deixamos de lado muitas vezes e quando conseguimos uma escapulida para ir ao salão, bater um papo com as amigas, ir a um show, vamos e ficamos com a cabeça nos filhos, nos sentindo péssimas!

Calma! Você não está sozinha. Você não é a única mãe que se sente assim, posso dizer que quase todas que eu conversei (e não foram poucas) relataram esse sentimento de culpa, em diversos campos, depois que tiveram filhos. A culpa parece fazer parte de toda mulher que se torna mãe, então temos que encará-la e trabalhar com ela da melhor forma possível.

Certa vez a minha terapeuta me disse algo que ficou marcado. Ela me disse que o Antonio precisava de uma mãe que estivesse bem, por isso, eu precisaria cuidar de mim também, para eu estar bem fisicamente e emocionalmente. Para então, poder cuidar dele e cria-lo da melhor forma. Não parece mas nossos pequenos estão entendendo tudo o que está acontecendo a nossa volta, mesmo nas situações que não são ditas.

Por isso, eu não posso achar que ele precisa somente de uma mãe presente 24h todos os dias da semana. Porque a qualidade do tempo talvez não seja tão bom quanto poderia ser se eu tivesse um tempo para mim, para me cuidar como Elis, mulher, profissional e assim, poder ser uma excelente mãe nos momentos em que eu estiver presente com ele.

Escrevo esse texto para auxiliar as mães que carregam uma culpa extrema a ponto de paralisar alguns setores da vida. Acredito que o equilíbrio em tudo que fazemos é a chave para um bom resultado e uma mamãe bem e equilibrada será uma boa mãe, por isso, não se culpe tanto e tente cuidar um pouco de si, pois nós precisamos e merecemos!

 

Com carinho,

Lilica.

 

 

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Questão de saúde

O que você oferece as mães? Apoio ou crítica?

Uma pesquisa americana recente revelou que mais da metade das mães relatam receber críticas pelo modo como criam seus filhos, sendo seus maiores críticos pessoas bem próximas, como os pais, sogros e até parceiros. Será que a realidade no Brasil é muito diferente?

Segundo a pesquisa, dentre as críticas mais frequentes encontram-se questões relacionadas à disciplina, sono, amamentação e nutrição de seus filhos. Confirmamos isso em nosso dia a dia no consultório. Muitas mães, inclusive, recebem críticas por seguir a orientação do profissional de saúde, já que desde sempre a alimentação foi guiada pela família de forma diferente e ninguém “nunca morreu ou passou mal”!

Todo conselho, por mais que seja dado com boa intenção, deve ser avaliado e dado com muita cautela. Alguns deles podem trazer mais estresse do que tranquilização e gerar mais malefícios do que benefícios à criança e à mãe. Imagina todo mundo dando pitaco nas atitudes da mãe? Que confusão!

A maternidade é mágica em muitos aspectos, mas também é difícil e requer cuidados. A mulher muitas vezes encontra-se fragilizada, com mil dúvidas na cabeça, insegura e precisa receber carinho e apoio dos seus familiares e amigos. O excesso de críticas aumenta a tensão envolvida na criação dos filhos e até mesmo os profissionais de saúde devem ser cuidadosos na forma como lidam com a rotina familiar e transmitem suas orientações.

Se você é uma dessas pessoas cujo hábito é criticar, cuidado com seus pensamentos! Todo pensamento gera um sentimento que leva à uma ação. Logo, não analise tanto as atitudes de uma mãe para não criar o sentimento de julgamento dentro de você e acabar apontando o dedo para ela. Caso ela peça a sua opinião, dê, mas pese as palavras e escute sobre sua rotina e suas possibilidades. As mães ficam sobrecarregadas com tantas visões conflitantes sobre qual o melhor jeito de criar seus filhos.

No caso da alimentação e nutrição, observamos que isso acontece muito no período da amamentação e da introdução de novos alimentos. Existem pessoas que criticam as outras por

se prender a mitos mentirosos ou por achar que apenas a sua experiência é determinante para afirmar o que é melhor, como dizer que existe “leite fraco” ou que “um docinho nunca matou ninguém”. Um conselho mal dado e as críticas podem influenciar o crescimento e o desenvolvimento da criança, especialmente nessas duas fases, que são determinantes na infância e na vida adulta.

Em geral, as pessoas confundem duas atitudes: APOIAR e CRITICAR. Você deve apoiar, cuidar, acalmar, trocar experiências e incentivar. Não deve criticar, julgar e apontar. Reflita antes de dar conselhos, especialmente quando são inúteis, porque quando não são solicitados, a mãe pode percebe-los como se ela não estivesse sendo boa mãe e isso pode ferir seu coração.

Já experimentou dar créditos à mãe? Se coloque na posição dela e perceba como é lidar com tantas opiniões e tantas atualizações. Nem se tudo fosse regra seria possível seguir por um caminho previsível, pois cada pessoa é única e possui sua forma de dar os passos.

Anna Carolina Ghedini e Priscila La Marca

Nutriped

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Expectativas Maternas

Eles vão crescer

Eles vão crescer.
Um dia, eu terei saudades daquele cheiro de leite que sua pele emanava.
Vou sentir falta de ser a primeira palavra que ele dizia ao chegar em casa (“mamãe”) e até mesmo de ser chamada seguidamente pra que resolvesse as suas necessidades.

Eles vão crescer.
Meu colo será motivo de vergonha quando for na frente dos amigos. Logo aquele que era mágico e curador.
Eles vão me dizer que eu não sei de nada. Logo eu, que sempre fui a pessoa a quem eles sempre confiavam pra saber de tudo.

Eles vão crescer.
Vão me dizer que eu não tenho que ser tão paranóica, que nem tudo é maldade no mundo e que eles precisam viver suas vidas. Imagina! Eu que sempre estimulei sua independência.

Eles vão crescer.
Vou sentir falta de olhar pras camas e encontrar os melhores feitos que tive na vida. Saberei que na madrugada eles estarão em festas, com as namoradas ou até em suas próprias casas. Meu coração vai apertar porque tudo o que eu mais gostaria seria dividir a minha cama com eles, ainda que não coubéssemos os 4 ou que dormir fosse uma missão impossível ali.

Eles vão crescer.
Vão me dizer que estudarão em outras cidades, outros países e que precisam ganhar o mundo. E eu vou sentir falta de quando eu era o mundo deles.

Eles vão crescer.
E me dirão como devo agir, porque agora eles serão os detentores da verdade. Eu já serei a “caduca”, “atrasada” ou “a que não se atualizou”. E fui eu que ajudei a aprender suas primeiras letrinhas.

Eles vão crescer.
Mas eu não quero. Me deixa, tempo, continuar a organizar suas festinhas de aniversário, ir brincar de bola, fazer bolo com eles ou assistir os seus desenhos favoritos.

E quando eles crescerem, se eu tiver sorte, terei netos.
Eles serão a última chance que a vida me concederá para relembrar da infância dos meus pequenos.
Os netos são a oportunidade de experimentar a maternidade suave, aquela em que o amor não carrega tanta responsabilidade, repleto de grandes memórias e que a maturidade já fez com que você entenda que não dá pra haver julgamento quando se fala em maternidade.

Nana.