Mamães e papais,
Hoje venho relatar a minha experiência com a introdução alimentar do meu filho. Acredito que muitos possam se identificar com o que eu passei e por isso não se sentirão tão sozinhos nessa etapa nova para ambos (pais e bebês) e que muitas vezes é tão complicada e chata!
Atualmente a Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês. Então calma, se você amamenta o seu bebê exclusivamente no seio não tem por quê começar a introdução alimentar antes. Muitos estudos apontam que o organismo do bebê está em desenvolvimento até o sexto mês, não tendo condições de digerir frutas ou legumes pois contém enzimas que este ainda não está preparado para receber.
Pelo motivo que expliquei acima, comecei a introdução alimentar do meu filho aos 6 meses de vida. Antes disso consegui manter o aleitamento exclusivo com muito esforço da minha parte, pois dificuldades no caminho nunca faltaram. Um pouco antes do meu bebê completar 6 meses, marquei uma consulta com as nutricionistas que são parceiras do nosso blog, a Nutriped. Elas vieram aqui em casa e me instruíram bem a respeito de como começar, quais alimentos oferecer e os que são proibidos até o primeiro ano de idade.
A verdade é que eu estava confiante em começar a introdução alimentar, tinha lido bastante, tinha consultado nutricionista infantil, sabia como gostaria de começar e além de tudo estava exausta da amamentação exclusiva, por isso os alimentos iriam de certa forma me dar algum descanso por dar peito 24h por dia (eu fiz livre demanda). Não tenho dúvidas que junto a tudo isso somou-se um certo grau de ansiedade em ver o meu bebê passando por mais uma etapa que era começar a se alimentar de outros alimentos além do meu leite.
O primeiro dia foi um fiasco! Tentei começar pelo método BLW (no qual o próprio bebê segura o alimento cortado em pequenos pedaços), cozinhei batata e entreguei na mão dele. Ele fez cara feia, amassou, jogou longe e não colocou nada na boca. Tentei outros legumes e nada… Pensei comigo que era o primeiro dia e poderia dar um crédito a ele. Tentei mais alguns dias e mudei de técnica, comecei amassando com garfo os legumes separados e ia colocando um pouco de cada legumes separadamente na boca dele. Outro fiasco! Ele colocava a língua para fora com o alimento e chorava. Parecia não saber o que fazer com aquilo!
Mais de uma semana já tinha se passado e nada, além de não engolir o alimento, meu bebê não estava mais abrindo a boca para aceitar o que eu oferecia. Isso me desanimou demais, pois gastava tempo escolhendo, montando cardápio, comprando e fazendo e meu pequeno sequer aceitava… Bom, mudei de tática de novo. Comecei a amassar os alimentos mas ao invés de coloca-los separados, eu misturava e colocava um pouco de água. Ficava como uma sopa, só que ao invés de triturar os alimentos eu só amassava com o garfo. Ele começou a abrir a boca (para as papas “salgadas”) mas só aceitava 4 ou 5 colheres. Quando aceitava 7 ou 8 eu fazia uma festa!
Nesta etapa do processo, já tinha se passado mais de 1 mês de tentativas e o leite continuou sendo o alimento principal dele, já que ele estava experimentando e tentando se adaptar a essa nova rotina de ter alimentos sólidos em sua boca. Eu já estava esgotada, triste, exausta de tentar muitas maneiras dele aceitar os alimentos e não ter tido quase nenhum sucesso. Lembro de um dia sentar no chão e chorar junto com ele (ele por não querer o alimento e eu por não saber mais o que fazer para ele aceitar).
Liguei para o meu marido que tentou me acalmar, pedindo para eu não tentar forçar a aceitação dos alimentos porque seria bem pior para ele. Então ele fez uma busca de bons artigos que falavam sobre a introdução alimentar e me enviou. Li todos com cuidado e percebi que eu não era a única a passar por esse processo, pois a maioria dos bebês demoram aceitar os alimentos, natural, pois estavam acostumados a somente ingerir leite.
Detalhe que durante essa adaptação aos novos alimentos meu bebê pegou a primeira gripe e tudo que tínhamos conquistado em relação aos alimentos, regrediu, pois ele só queria peito. Para não desidrata-lo e mantê-lo alimentado eu acabei cedendo e dando mais o leite do peito. Então quando ele melhorou, quase que voltamos a estaca zero na introdução alimentar.
Meu coração começou a acalmar e eu estabeleci um pensamento nesse início: o que ele comesse seria lucro, não tentar impor que ele coma tudo o que eu fiz ou aceite de forma rápida todos esses novos alimentos. Dessa forma foi dando certo, parei de achar que os exemplos que eu tinha a minha volta deveria acontecer da mesma forma com meu filho e parei de me cobrar e cobrá-lo. Demorou quase 2 meses (isso mesmo!) para ele aceitar os alimentos de forma natural, comer todo o potinho de papa que eu tinha feito ou aceitar a fruta toda que eu oferecia. E tudo isso aconteceu do dia para a noite. Um dia ele acordou e aceitou a banana que nunca abria a boca, comeu mais colheres da papa salgada do que antes e assim foi.
Por que contei a experiência da introdução alimentar do meu filho? Para exemplificar e mostrar para vocês papais angustiados que a maioria dos bebês demoram mesmo a aceitar os alimentos. Que estamos juntos nessa empreitada, pois não é fácil não e ainda contar com o auxílio de profissionais capacitados nos faz seguir o melhor caminho e não desistir de tentar introduzir os alimentos de forma mais natural possível.
O que eu aprendi com essa experiência que me fez arrancar os cabelos por quase dois meses?
- Não compare o seu filho com outros bebês, cada ser é único e aceita situações idênticas de formas diferentes;
- Tenha paciência nessa fase difícil que é a introdução alimentar;
- Alguns bebês irão aceitar as frutas e legumes de forma super rápida, outros demorarão meses. Tudo isso é normal;
- Tente não gerar muitas expectativas em cima de seu filho sobre a aceitação dos alimentos;
- Mesmo diante da recusa, não desista de oferecer várias vezes os alimentos de formas diferentes, até chegar a alguma que ele irá aceitar;
- Não se cobre, a culpa não é sua e muito menos do seu filho, ele simplesmente está se adaptando a algo muito novo e diferente para ele;
- Não force a introdução alimentar de forma alguma, isso pode fazê-lo associar os alimentos a repreensão e não querer comer de forma alguma;
- Mesmo que ele comece comendo pouco, com o tempo ele começará a comer um pouco mais e assim sucessivamente;
- O leite continua sendo o principal alimento do bebê até o primeiro ano de idade, então se ele não aceitar os alimentos de forma rápida, ainda assim estará bem alimentado.
Prontos, para seguir esse novo desafio de forma mais segura e menos estressante? Vamos embora colocar essas dicas em prática então!
Lilica.
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