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Expectativas Maternas

Carta às mulheres que não desejam filhos:

A maternidade sempre me pareceu compulsória. Parecia fazer parte da vida adulta da mulher. Após o casamento, virão os filhos. Mas a sociedade veio se transformando e junto com ela, as mulheres.

Quem disse que elas deveriam se casar? Nem todas se casam, nem todas  tem esse sonho, nem todas encontram pessoas legais para casarem.

Após os anos 60 do século XX , com a transformação do pensamento da mulher na sociedade ocidental, com a invenção da pílula e várias outras formas de se prevenir filhos, eles passaram a não ser tão compulsórios assim.

Muitas mulheres se casam e o casal não deseja filhos, muitas mulheres vivem outros sonhos e não desejam nem casamento, nem filhos, e está tudo bem. Pois estamos nos permitindo viver outros sonhos e outras realizações, ao invés de filhos.

A verdade toda é que eu só fui entender as mulheres que não desejam filhos depois que eu o tive. Sim, depois de passar por toda a dor e delícia da maternidade. E, sinceramente, não é para todas mesmo.

É uma mudança radical na vida da família, principalmente da mulher que vive um novo papel social mas ainda assim carrega praticamente sozinha o papel dos filhos. Vivemos numa sociedade em que a rede de apoio é cada vez menor, o casal cuida sozinho, e ainda recai mais para a mulher, pois esse papel lhe parece tão “natural”.

A mulher tem licença e se afasta do trabalho, por isso muitas vezes é mal vista. É a mulher que sente o incômodo de ter que retornar tão pouco tempo depois a trabalhar e deixar seu bebê tão pequeno e indefeso aos cuidados de outros (ou abdicar temporariamente da sua vida profissional), é a mulher que engravida, engorda, amamenta e é tão cobrada…

É a vida dela que passa por uma mudança de 180 graus, que faz nascer outra pessoa (mãe) depois dos filhos.

Por isso, não devemos cobrá-las, pois será muito mais as vidas delas que passarão por transformações. E tudo bem não querer ser mãe. Tudo bem não querer experimentar a maternidade, a sociedade enxerga que a mulher tem outros propósitos para a sua vida além de casar-se e ter filhos. Tornou-se de fato, uma escolha muito bem pensada, afinal, conseguimos prevenir, programar e planejar os filhos nos tempos atuais.  

Fazemos escolhas e por mais que tentemos explicar que apesar de todos perrengues tem a parte mais fofa e o amor do mundo, ela tem o direito de dizer não, sem ser julgada.

Por isso, venho trazer minha empatia a todas as mulheres que disseram não aos filhos e foram honestas consigo mesmas e, com eles, pois não estavam dispostas a se doarem, não dessa forma. A sinceridade é a melhor postura perante a si e aos outros. Se não estamos afim de abrir mão de muitas coisas em nossas vidas, melhor dizer não aos filhos, do que estes carregarem a “culpa” de terem transformado a vida dessa mulher para pior.

A vida tem tantas portas, a vida tem tantas possibilidades e a maternidade é só mais uma nas vidas das mulheres modernas que hoje tem minimamente o poder de escolha.

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Existe mãe perfeita?

Nós, mães, nos cobramos perfeição o tempo todo. Mesmo que sem querer, estamos lá achando que devemos e (o que é pior) que podemos dar conta de tudo. Mas eu vou te contar um segredinho: somos humanos, feitas de carne, osso, músculos… Por mais que tentemos, uma hora a estafa chega, estafa física, mental, emocional.

Faço aqui um papel importante, venho te contar que nenhuma mãe é perfeita, é mulher maravilha, consegue dar conta de tudo. Mesmo que pareça ser. Ás vezes as aparências enganam e a imagem perfeita de mulher, mãe, esposa, profissional que fazemos de determinada pessoa não é aquilo tudo que possa parecer. Nós falhamos, temos nossas limitações e quanto mais negarmos isso, vamos correr atrás do próprio rabo tentando dar conta de algo inalcançável, principalmente sozinhas.

A sociedade vem mudando ao longo das décadas e séculos. O que antes era papel principal da mulher, que era criar filhos e cuidar da casa, hoje, não se resume mais a isso. Antes tínhamos essa obrigação e sem poder opinar muito, aceitávamos e tudo bem. A mulher saiu de casa, foi trabalhar, foi estudar, foi ganhar o mundo e entendeu que seu papel não era ser só mãe e esposa. E começamos a pensar em um mundo mais igualitário, onde os pais também contribuam com a casa e a educação dos filhos.

Atualmente, uma mulher dificilmente sonha somente em formar família. Ela deseja conquistar o mundo: viajar, estudar, vivenciar experiências sozinha, com as amigas, construir sua carreira profissional. Mas nos deparamos com uma dura realidade: como seguir atrás de nossos sonhos se nossos papel de casa, de mãe e esposa exemplar continuam nos exigindo muito?

Entendendo e aceitando que é humanamente impossível dar conta de tantos papéis: mãe, mulher, esposa, trabalhadora, amiga… Entender que você precisa do apoio do seu marido/companheiro. E se você puder construir uma rede de apoio com seus parentes (geralmente sogra e mãe), ter alguém que te ajude com a casa ou com seu filho. Tudo isso ajuda a aliviar a rotina pesada que todas nós temos atualmente.

Eu acredito que sem o peso da perfeição que a sociedade (e nós) tanto nos cobra, nossa maternagem possa ser mais leve, sem tantas cobranças, nos dando a chance errar e acertar, podendo cuidar de si mesma. Bora desconstruir tudo isso?

Com carinho,

Lilica.

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O que ninguém te conta sobre a maternidade

Amiga mãe ou futura mãe,

Escrevo hoje para termos uma conversa franca, sobre um assunto que quase ninguém fala ou não gosta de falar: o desgaste da maternidade.

Se você é mãe de primeira viagem ou está tentando engravidar, precisa ler isto! Se você já é mãe de um filho(a) ou mais, vai se reconhecer em muita coisa nesse texto.

Mesmo depois de mais de 1 ano do nascimento do meu filho, eu não consigo entender o por que de não se falar abertamente ou o contrário, de se falar de forma fantasiada a experiência da maternidade.

A maternidade não é algo simples, é bem complexo: envolve pelo menos dois personagens de forma intensa: a mãe e o bebê. Uma mãe “ingênua” em relação a tudo o que está por vir, um bebê que está descobrindo o mundo, está sentindo como é pertencer a um corpo que está em desenvolvimento e muito limitado ainda.

Eu tive algumas experiências bem próximas com bebês e crianças ao longo dos meus 30 anos, mas mesmo assim, nenhuma delas foi o suficiente para saber o que era ter um bebê nos braços, 24 horas por dia, chorando, faminto, cheio de cuidados especiais.

Quando nasce uma bebê nasce uma mãe desesperada, que mesmo tendo lido muito, se informado e feito cursos de cuidados, irá sentir insegurança para amamentar nas primeiras vezes, para dar banho, para deixa-lo dormindo em seu berço sem a preocupação dele estar respirando.

A maternidade não é o mar de rosas que muitos falam e mostram por aí. Primeiramente, só sabe o que é a maternidade quem passa por ela, então amigas,(sem filhos) tios, vizinhas que dão pitacos podem até ter boa vontade para ajudar mas cuidar de um bebê não é algo simples, principalmente no primeiro mês do pós parto que pode bater insegurança, tristeza e até mesmo depressão faz parte.

Você irá engordar na gravidez e não necessariamente irá conseguir perder peso rápido, você irá sentir dor ao amamentar as primeiras vezes, você irá sentir o peso da culpa em alguns momentos que não conseguir fazer o que planejou e acredita para a criação do seu filho. Você irá se sentir sozinha muitas vezes, mesmo tendo seu companheiro, mãe e sogra por perto. Nos primeiros dias depois do nascimento do bebê você se sentirá sem energias com a privação do sono, mal conseguirá tomar um banho decente e tudo isso e mais um pouco irá fazer sua cabeça pirar.

Ser mãe não é tudo de maravilhoso, principalmente nos primeiros meses, no qual você e seu bebê estão se conhecendo e ajustando a uma rotina.

Ser mãe é desgastante, é abrir mão de um monte de coisas, é sentir o peso do cuidado de alguém tão pequeno e indefeso e sentir não “dar conta”.

Ser mãe é ter que ser forte mesmo sem ter essa força toda.

Ser mãe é abdicar do trabalho por conta própria ou mesmo ser demitida na volta da licença maternidade (pois mães faltam mais por causa dos filhos doentes).

Ser mãe é se anular. É se sentir pirada, é se questionar aonde estava com a cabeça quando pensou em ter um filho.

Em contrapartida, apesar de todas as dificuldades, de todas as vezes que abrimos mão de nós, apesar do cansaço, do sono acumulado, existem muitos pontos positivos, acredito que mais do que negativos, senão não teríamos o segundo, terceiro filho… Filhos nos ensinam a amar de forma transcendental, nos entregamos totalmente e recebemos muitos carinhos, beijinhos, dengos. Nós somos o mundo para eles e eles são nosso mundo.

Não, eu não estou te desencorajando e nem dizendo que não vale a pena ter filhos. O texto de hoje pretende mostrar e desmistificar a “maravilhosa” vida de uma mãe. Pois ser mãe pode ser muito desgastante e nós temos que falar sobre isso ao invés de fingir um momento mágico e maravilhoso.

De alguma forma, passamos por tudo isso e saímos, não ilesas. Saímos mais fortes, mais maduras, sabendo o que realmente importa para nós a partir de agora, mas não é nada fácil, nunca foi e nunca será. Ser mãe é isso.

 

Com carinho,

Lilica.